Eu tinha escrito que é incrível ter opinião ou hábito, mas decidi não pensar nisso por agora, elucubrando o hábito e sua proximidade da moral e do valor e a opinião colada na moral e na loucura. Percebo hoje a decisão de vacinar ser quase unânime e que no Brasil nem 20% vacinou.

No clima do bate-papo caloroso da semana sobre a urna eletrônica, fiquei pensando, mesmo, nos ruídos religiosos que combatem veladamente a vacina e sua categoria científica e também em descer a lenha nas conversas que militam via debate da ciência e não diluem a intuição nos copos dos saberes em proclamar que ela sempre existiu (a ciência).

O medo da iminência de morte nos faz mudar os princípios? Rever os princípios? Ou seria a pergunta: a consciência dando um cacete nos sonhos? A política é mais forte que a morte? Ou a morte é a bandeira do atual dogma politizado? Ou lidar com a morte? Puta merda. Só Leite de Pedras na causa.

Receber uma chamada está entre morrer de fome ou ser assassinado por um mutante, um ser pequenino e medonho. Blasfêmia. Que vírus cruel, tio Gualdo.

Tamo sabendo que o risco é permanecer no paraíso torto. Quando a conversa é boa a gente sobrepõe como se fossemos todos corajosos, feito heróis da Tragédia. Feito gente precisando de dinheiro.

O homo economicus motorista de aplicativo tá puto com o preço do combustível. É impossível ter lucro dirigindo sem gás natural (o bagúio é loko, mano) ainda mais não sendo funcionário legal; motoristas no Reino Unido conquistam direitos trabalhistas. A gente vai, vai e vai, e Tchega? Tô cheio de questões hoje. Questões ripadas, já respondidas, mas nóis é duro na queda. E a burocracia tá na crueldade, se deixar.

O homo subjetivus também tá putão (aos que traduzirem o texto).

Pois bem, recebi uma chamada.

Uma senhora às 9 da manhã de domingo, saindo da igreja, antes embarcou seu marido, ela entrou no carro com o demônio no corpo, tava maldizendo alguém, logo desembarcaram. Graças a Deus! Agradeço a gorjeta que já fazia um bom tempo que não recebia. Tempos difíceis. Hoje também estou soltando os cachorros, minha senhora.

Recebi uma chamada.

Levar uma moça à igreja. Na mesma manhã, não disse nada, nem eu, nem ela. Na dita-cuja igreja. Se brincar, fui o responsável pela aglomeração cristã dominical. Deviam estar todes vacinados? Quase perguntei.

Recebi uma chamada.

A tranqueira do bluetooth dando-pau: quando notifica a chamada do aplicativo o som quase ensurdece os passageiros dentro do meu carro, sempre novo, cheiroso e com os impostos pagos (esse ano tá liberado em MT). Porcaria de multimídia. Multiporcaria. Que vergonha! Porcaria de férias pra quem só faz isso da vida! Porque o sonho de ser o próprio patrão para motoristas de aplicativo só com horas trabalhadas bem pagas, o que não acontece, adoráveis leitores. Haja férias sendo bem ou mal pago.

Aaaaa! Dirijo. Já contei a vocês que eu queria ser piloto de automobilismo? Pois é, mas ‘as merda’ desses carros batem e soltam peças, estragam e matam Ayrton Senna, deixando tudo pra velocidade da luz espalhar. Eu, hein, quanta fragilidade. Eu mesmo tô querendo conversar sobre os crimes da humanidade. Um deles é a distribuição de renda, outro é o tempo que precisamos pra melhorar as coisas porque somos atrapalhados.

Um crime da humanidade é saber sem saber agir. Por exemplo: quando alguém te oferece uma pintura, um poema ou uma apresentação artística. O que você faz? Vou passar a ideia.

Antes você precisa ouvir esta canção de Raul Seixas: “Veja, não diga que a canção está perdida, tenha fé em Deus, tenha fé na Vida” (não lembro o título e estou com preguiça de pesquisar, perdoe-me).

Vou falar o que você tem que fazer: faça teatro, compre poemas e chame a PoP, porque a Uber tá uma roubalheira e os motoristas sabem disso.

Recebi uma chamada.

Hello trimtrimtrim, Móto, Hello Móto eu sou Móto.

Tchau. Até amanhã.

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