Por Laura Nabuco*

Cresci ouvindo que mulher é o sexo frágil.

Sempre achei uma frase estranha. Na verdade, errada mesmo e em diversos aspectos.

Hoje, aos 29 anos, toda vez que ouço uma história de agressão – geralmente sexual – contra uma mulher, tenho ainda mais certeza de que estou certa desde criança.

Fazer um homem sucumbir a um desejo primitivo a ponto de ele não suportar e cometer um crime que ele “não queria” não é coisa de sexo frágil.

Ser capaz de “convencer” um pai de família, homem de bem, a “contra sua vontade” lhe passar mão, lhe possuir, numa festa, no ônibus, assim, do nada, definitivamente, é coisa de gente forte.

Frágil é quem, contra seus “princípios”, não resiste a shortinho, só porque “ela tá pedindo”.

Frágil é quem, mesmo “não querendo”, acaba fazendo uma “besteira”, só porque ela “provocou”.

Não somos fracas. Mas, não, também não somos responsáveis.

Não somos nós que provocamos a violência, que provocamos o desrespeito.

Mas não somos fracas, porque, quase sempre, superamos e seguimos em frente.

Pelo contrário, somos muito mais fortes do que nós mesmo acreditamos.

Não é qualquer um que suporta ser diminuído no trabalho pelo simples fato de ser o que é e, ainda assim, continuar dando o melhor de si.

Não é qualquer um que aguenta ter um direito violado, ouvir que a culpa é sua e continuar lutando para provar o contrário.

Não é qualquer um que enfrenta as críticas daqueles comandados pelo senso comum pelo simples prazer de ter o corpo que deseja e fazer o quiser com ele.

Ser mulher não é fácil.

Mas tudo bem, é isso que nos torna fortes.

*Laura Nabuco é jornalista.

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