Os filmes de Akira Kurosawa foram marcantes em minha vida de cinéfilo inveterado. Na categoria “vício dos bons” assistir filmes sempre foi relevante em minha vida desde criança no cinema dos padres em Guiratinga. Impossível não recordar de Os Sete Samurais, um exemplo de filme de mestre, a condução, o humor por trás de um fundo psicológico revelador dos dramas de cada samurai com seus códigos de honra confrontados com as práticas de chefes corruptos. Mas o filme tem graça com o desajeitado camponês Kikuchio (Toshiro Mifune) que se mete a ronin (quando um samurai perde sua honra) e que busca ser aceito como um dos samurais que defenderão a aldeia indefesa atacada por saqueadores.

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Dos filmes de Kurosawa que assisti, ele filmou em excesso, destaco o impacto visual de Ran, com roteiro baseado na peça King Lear de William Shakespeare. Ficou muito marcado em minha memória cinematográfica. Dodeskadan, foi outro filme que me impactou, mostrando um lado sombrio de Tóquio, periférica e favelada, habitantes marginais que sonham em sair da pobreza. Surpreende demais, pois sempre vimos Tóquio como puro glamour tecnológico e ele provoca um choque de realidade mostrando que a pobreza é universal. Não é privilégio de ninguém.

Com uma carreira de cinquenta anos, Kurosawa dirigiu 30 filmes. É amplamente considerado como um dos cineastas mais importantes e influentes da história do cinema. Em 1989 foi premiado com o Oscar pelo conjunto de sua obra “pelas realizações cinematográficas que têm inspirado, encantado, enriquecido e entretido o público e influenciado cineastas de todo o mundo.”

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E por aí vai, Dersu Uzala, Sonhos, O Idiota, caramba, sua obra é um primor e quem conhece e quer rever ou quem não conhece e não sabe o que está perdendo, para esses, o Sesc Arsenal inicia um ciclo de mostra da obra desse cineasta que é obrigatório em nossa formação cultural. Começa nessa quarta-feira, (15) e vai ate o dia 25 de março, no SESC Arsenal, a Mostra “Jidaigeki: Viajando com Kurosawa ao Japão feudal”. A Mostra apresenta seis filmes nos quais o diretor Akira Kurosawa trabalha com temas relacionados aos samurais, tendo como cenário o Japão feudal.

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Foi com um Jidaigeki – nome dado aos dramas nipônicos de época  – que o cinema japonês foi descoberto no Ocidente: a exibição do filme Rashomon no Festival de Veneza rendeu ao diretor o Grande Prêmio do Júri. A partir deste, a notabilidade de Kurosawa alçou patamares impressionantes e alavancou a carreira de outros vários cineastas nipônicos. Uma vez, perguntado sobre o que faria se tivesse o poder de influenciar a sociedade e mudá-la, ele respondeu: “Eu me sinto responsável, verdadeiro e honesto para com minha profissão e estou consciente disso. Eu estou primeiro lidando com a sociedade japonesa e tentando ser cândido ao lidar com nossos problemas. Eu espero que você entenda isso sobre mim quando vir o filme. Como um contador de histórias, não tenho segredos”.

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Programação

Lançamento e distribuição do catálogo oficial da mostra 15/03 às 19h

15.03 | 19h |Bate-papo com o idealizador nacional da Mostra Jidaigeki, Marco Aurélio e exibição do filme Trono Manchado de Sangue | 1957 | 110 min.

21.03 | 19h30 | Os Sete Samurais | 1954 | 202 min.

22.03 | 19h30 |Rashomon | 1950 | 88 min.

23.03 | 19h30 | A Fortaleza Escondida | 1958 | 139 min.

24.03 | 19h30 |Yojimbo | 1961 | 110 min.

25.03 | 19h30 |Sanjuro | 1962 | 96 min.

SERVIÇO

Mostra “Jidaigeki: Viajando com Kurosawa ao Japão Feudal”

Bate-papo: 15 de março às 19h

Sessões de cinema: 15, 21 a 25 de março às 19h30

Ingressos gratuitos, disponíveis com 30 minutos de antecedência de cada sessão

Classificação indicativa: 14 anos

Informações: (65) 3616-6941 | fbarbosa@sescmatogrosso.com.br

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