Os piratas estão vivos, leitores. Agora, sinceramente, quem são os piratas?

Recebi uma chamada.

Pronto-Socorro de Cuiabá.

Uma senhora de cadeira de rodas entrou no meu carro pelos meus braços. Ela perdeu um dos pés para a doença diabetes. Eu a coloquei pra dentro como se faz com os amigos amaldiçoados. Maldição, mesmo, é protagonizada pelos motoristas que recusaram a corrida simplesmente pela condição da passageira.

Recebi uma chamada.

Os piratas estão no norte da África, disse o senhor passageiro. Eu? Eu quase falei pra ele que sou pirata e que pretendo ensinar o Estado a cuidar do seu povo. Um exemplo é a Guarda Costeira Voluntária da Somália em parte assassinada por navios de guerra dos empresários sujões instalados na política internacional de países industrializados como da Europa e Estados Unidos. Criançada tá lá morrendo por causa do chumbo, metais pesados, cádmo, mercúrio…

Recebi uma chamada.

Os jovens passageiros que sentaram com o ministro do presidente Trump, também sentaram no banco do meu carro. O papo foi este: O Brasil e sua fraqueza industrial. A produção agrícola não é força de grana, estamos sendo explorados. Minha razão deu trela e eu aceitei. Estamos exportando matéria-prima (que é exploratório) e pagando pelo produto industrial (que é serviço), um jogo sujo. Mas empresários brasileiros querem produzir açúcar que dá mais dinheiro. Empresários querem a proteção do Estado porque não conseguem ser competitivos no preço do álcool. Tô errado? Daí talvez eu esteja pensando numa comunidade internacional. E levado o assunto para a seguinte questão: se a gente não cuida das crianças nada mais faz sentido. Nem politica interna, nem política externa, nem o escambal. Picuinhas majestosas tem espaço nas manchetes jornalísticas. Papos intermináveis rolam nas universidades, nos bares. Deputados pautam nossa vida pela economia, decidem o que fazer com a floresta baseado em números econômicos. E ainda continuamos com problemas que parecem ser insolúveis. Parece que é sem volta nossa civilização maluca. Ou damos uma volta pra esfriar a cabeça e continuamos caminhando torto nos enganando numa espiral cosmológica ardente de febre e de paixão pela carne de todos os tipos. Êxodo urbano às vezes faz algum sentido. Mas a dor de dente insiste em existir. E o açúcar que dá mais dinheiro também causa a diabetes e a cárie. O álcool da cachaça vira a página. O complexo existir tem na base a dor que não queremos sentir ou apenas aprendemos a não suportá-la. Eita vida maluca, qual o seu destino?

 

 

 

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