Glauber Lauria*

são tardes ancoradas, tardes escolhos; as quatro da tarde, em luz de outono, colho notas, corto cordas, queimo acordes, são tardes com vômito; por entre páginas e sóis, estilhaços de almas e debeladas procissões, músicas evolam suspenses, anjos flertam com decadência. Não há sorte nas escolhas, apenas obstáculos candentes, ruas escuras textos esguios e surpresas esquivas, são turvas as guias que assino: debelar assaltos, ser um crime, esgrimir detalhes, partir contidos. Poesia para puros em vida, poesia para martírios. Beat em solo regionalista? Vate perdido, bardo conspícuo, menestrel disperso, aedo submisso. Poeta em prol do risco, poeta em campanha suicida. Quem marcha a favor da beleza? Manifestações expressam apenas o vazio. A carne quer a alma doente. O ser é já algo doentio. Amar o horror e seu vício. Amar o suplício. Sade e Masoch.

Casanova e Aretino. Esquinas não permitem sentimentalismos.

Glauber Lauria é poeta mato-grossense e mora no mundo. 
Nascido em 1982, publicou de forma independente o livro Jardim das Rosas em Caos, 
já participou de três antologias em diferentes estados brasileiros 
e possui poemas publicados nos seguintes periódicos Sina, Acre, Fagulha, Grifo, 
Expresso Araguaia e A Semana.

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