Por Fábio Guimarães*

Os iguais se atraem –
e não os opostos.
Sempre percebi o
desarranjo nessa citação.
São os passos em direção contrária
que se separam –
os que seguem o rumo comum chegarão juntos…

Se ela ama contar estrelas
e ele entende ser ausência de bom tino,
é provável que um seja adepto de contas
bancárias, bolsa de valores, ciências exatas
e o outro um colecionador de astro
– um dia ela saberá tudo sobre o céu
e ele sobre investimentos financeiros;
hipotenusa; ângulo reto: não dará certo!

Quem é igual deita face a face.
Os opostos, costa a costa.
Um dorme com o outro olhar vigiando o sono
e os contrários com os olhos fixados em escuras paredes
– dormem sozinhos…

Os iguais se apertam em amados abraços.
Os de natureza distinta entendem
que os braços são para outras serventias.

É evidente que o amor está entre os iguais.
E é claro que possuem, devem, personalidades próprias
– não são clones!
Apenas enxergam as essencialidades
da existência de modo bem aproximado:
e se acostumam tanto com esse apego
que começam a falar de um jeito igual;
de olhar assim também;
de ficar estranha, a vida, nas eventuais ausências
(porque as ausências, para os iguais, são suplícios).

Os iguais nunca dormem em horas desiguais.
Vivem rindo de banalidades.
Brincam como se em retorno ao começo,
Quando a gente ri de tudo…
Ri da graça que é a felicidade!

Os antagônicos divergem de forma definitiva.
Afinal ficam em lados opostos.
Já os iguais também divergem
– mas como foram concebidos para a união,
logo retornam e reiniciam a andar como de hábito: de mãos dadas…

Para os iguais,
o dia começa sem o sol,
se ele ou ela não se encontra.
Mas quando um ou o outro chega,
aquele escuro frio,
de repente, sem aviso algum,
quebra-se e tudo se ilumina e aquece!

É lógico que os iguais se completam
– eles são a melhor expressão do amor…

*Fábio Guimarães é poeta, escritor, professor e defensor público de Mato Grosso.

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