Por Gilda Balbino*
Precisamos dar visibilidade à presença das mulheres em nossa sociedade, revelando pequenas e ao mesmo tempo grandes personagens da história, recuperando um registro que não pode mais se apagar para as novas gerações.
Desde as nossas primeiras feministas, a luta pela igualdade de direitos demonstra o quanto temos a desvelar, descortinar dessa herança. Quantas faces ocultas e esquecidas permanecem invisíveis com uma injustiça histórica na sua identificação como grupo social, como sujeitos da história do nosso país, nas áreas da cultura, arte, literatura, ciências, rebeldes protagonistas que dialogaram com identidade própria na política em todos os momentos importantes da nossa história.
Participando dessa multiculturalidade, compondo um cotidiano de um povo em suas atividades diárias, no trabalho, nas praças, nos bairros, rituais religiosos e na sua cultura popular, construindo confrontos e um histórico na luta contra um passado de dominação. Tornando visível um extenso processo de organização das mulheres negras, trabalhadoras domésticas, trabalhadoras rurais, com um protagonismo fortemente contido pelas relações patriarcais e pela dureza da luta contra o preconceito racial, pela discriminação nos seus direitos trabalhistas e pelo direito a terra.
Romper com a desigualdade de gênero no Brasil, significa romper com a desigualdade racial, com a defasagem salarial entre homens e mulheres, aprofundando as políticas de combate à violência, alterando a sua legislação como foi feito recentemente através da “Lei Maria da Penha” que tipificou o crime de violência doméstica e sexual contra a mulher, a promoção dos direitos trabalhistas desse grande contingente de trabalhadoras através da combatida “PEC das Domésticas” de autoria do Dep. Federal-MT, Carlos Bezerra, marco histórico de ruptura das relações de discriminação contra as trabalhadoras domésticas, iniciativas essas que tiveram repercussão em todo o mundo.
Tudo isso evidencia a importância e a necessidade da ampliação da ação do Estado e o fortalecimento da organização das mulheres. As militantes feministas que ousaram discordar das posições hegemônicas durante décadas, demonstraram uma rebeldia pessoal e política trazendo à tona de forma aguda e crítica a insubmissão à desigualdade, quebrando padrões de comportamento, revolucionando o modelo tradicional da mulher, vencendo barreiras, adquirindo liberdade sexual, construindo novos canais de expressão, de igualdade e liberdade, pagando por isso com a própria vida. Mato Grosso é hoje campeão em feminicídios e isso é um grande desafio para todas nós.
A busca de nosso passado presente e futuro é um encontro, um recomeço e um estímulo constante de luta e resistência pela igualdade de direitos.
Mulheres, nós fazemos história!
*Gilda Balbino é advogada e assessora parlamentar, especialista em gerência de cidades pela FAAP.
