É com grande honra e orgulho, que o Cidadã(o) Cultura reproduz a entrevista da artista Jade Rainho para a revista literária de origem italiana “La macchina sognante“. Delicie-se com este bate-papo repleto de arte, cultura, pensamento crítico, preocupação com o mundo e com o futuro da humanidade no planeta: 

Entrevista por Lucia Cupertino

17 de setembro de 2019

Alguns anos atrás, em um dia ensolarado em Berlim, eu peguei um ônibus que me levaria a Frankfurt e notei uma garota brasileira em dificuldade, carregando seu estojo de violão e outras malas, lhe ofereci uma mão e dali começamos a conversar em português. Imaginei uma jornada silenciosa, com os olhos voltados para a janela e para o desfilar das placas em alemão. Em vez disso, uma janela se abriu para mim sobre o Brasil profundo, através dos olhos de uma garota da minha idade, como eu uma artista e apaixonada por culturas indígenas. Ela me mostrou o documentário que havia feito, Flor Brilhante e as cicatrizes da pedra, sobre o impacto de uma pedreira em um território indígena Guarani-Kaiowá, contado através da voz e perspectiva de uma velha da aldeia. Foi traduzido para várias línguas e é por isso que Jade estava em turnê na Europa. Eu achei que seria importante apoiar o projeto audiovisual e trabalhar a versão italiana. De fato, dentro de alguns meses, publicamos e divulgamos essa narrativa visual na Itália. A partir desse momento, ela, Jade Rainho, continua sendo minha janela para o Brasil e é para ela que penso em fazer algumas perguntas para entender as mudanças profundas que a sociedade e a natureza brasileiras estão experimentando. Agradeço novamente a custódia de seu violão que em solo teutônico propiciou nosso encontro.

1) Grande alerta mundial para as florestas do Brasil e da América do Sul. 
Você mora em Mato Grosso, qual é a situação ambiental e social lá? 
Como isso mudou nos últimos anos?

Vim com minha família morar na capital de Mato Grosso na minha infância, no início da década de 90. Cuiabá era conhecida como “cidade verde”, cheia de árvores frutíferas por todas as calçadas. Me lembro de caminhar nas ruas perto de casa e colher espécies variadas de mangas e cajus. Também lembro dos moradores de rua podendo se alimentar delas. A cidade sempre muito quente mas com chuvas regulares. Hoje, a realidade é completamente outra. Já não se encontram mais tantas árvores, muito menos as frutíferas. A cidade se urbanizou muito e sofreu uma derrubada de árvores intensa para dar passagem às prometidas obras da Copa do Mundo de 2014, que protagonizaram um dos maiores escândalos de corrupção de nossa história, seguem inacabadas e concretaram a cidade em um canteiro de obras a céu aberto, que mais parece uma pista de autoramas mal acabada. Além disso, o agronegócio explodiu. MT se tornou a maior potência mundial da monocultura de soja, seus barões ganharam poder e assumiram a política pública. Neste processo, a devastação ambiental foi profunda, incontrolável e incontestável. Aqui no Estado se dá o encontro de três importantes biomas nacionais: o Cerrado, a Floresta Amazônica e o Pantanal. O Cerrado nunca foi tão olhado e conhecido como os outros, mas é um ecossistema cheio de biodiversidade e de singularidades raras. Ele foi o primeiro a ser praticamente extinto para dar lugar aos latifúndios da agricultura. Todo esse descaso é muito nítido, triste e chocante de se ver. As paisagens rurais se tornaram imensos desertos descampados para plantações transgênicas e homogêneas. Recentemente, fui fazer um trabalho em uma Reserva Indígena no nortão do Estado, em uma área de transição, onde a estrada é toda tomada por plantações sem fim de soja e algodão. Já não se veem mais árvores, é tudo muito seco e planificado. A aldeia era o único ponto verde onde se preservava e havia diversidade natural. Como um oásis buscando respirar em meio à exploração.

Eu ficava observando da janela aquele caminho ininterrupto de um horizonte que não muda, entre cercas, máquinas de colheita e a subserviência cativa da terra. Eu percebo essa dominação e extrativismo perpétuo como um tipo de escravidão das forças vitais da terra. É como se escravizássemos a natureza não permitindo a ela suas expressões originais. Como se a percebêssemos e a subjugássemos, a partir de nossas limitações humanas, a uma existência inanimada servil com a única função de nos doar infindavelmente todos os recursos de que dispõe e queremos. Sem respeitar a sua diversidade, a multiplicidade de vida que nela brota, gera, por e com ela vive espontaneamente. E isso reflete muito da nossa relação enquanto sociedade e humanidade atuando no mundo. Estamos fartos de objetos, itens e serviços a serem consumidos e descartados sem importância ou cuidado. Mas, o quanto disso é renovado, auto gestado e respeitado diante dos ritmos biológicos e naturais da vida na terra? É um descompasso gritante que agora estamos sentindo no corpo e no meio ambiente irremediavelmente. Não chove, as queimadas se espalham por todos os lados, nos campos e nas cidades. Cuiabá amanhece e anoitece esfumaçada, o sol nasce e se põe com uma coloração difusa. A umidade relativa está em 10%, hoje vi uma matéria que diz que viver aqui é como fumar meio maço de cigarro por dia. Temos previsão de chuva somente para outubro. Está tão seco que é muito incômodo respirar e ficar ao ar livre. O calor é insuportável, chegamos a 41 ºC e a sensação térmica registrada de 45 ºC, vivendo o dia mais quente do ano. A Defesa Civil do Estado emitiu, também hoje, um alerta de severidade, apresentando o risco de morte por hipertermia. Como estaremos em 5 a 10 anos? Quantos graus a mais? Como sobreviver em condições tão inóspitas?

Eu sinto que somos o Estado que já demonstra os impactos dessa devastação inconsciente e generalizada. Se os demais Estados do norte e centro-oeste do país seguirem incendiando suas florestas para darem lugar aos pastos de boi e aos latifúndios da monocultura, como vamos viabilizar a vida nesses territórios? Em MT já estamos enfrentando um clima semelhante ao do deserto. Nos transformaremos em um vasto deserto do agronegócio?

As florestas são fontes primordiais de água. Quando plantamos árvores é como se plantássemos água também. Sem água não há vida. Além de todas as formas de existência, todas as medicinas e remédios naturais, todo um universo que ali habita e ainda não temos a menor capacidade de compreensão e acesso. É como nos diz o provérbio indígena: ’’Só depois que a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio envenenado, é que o homem irá perceber que dinheiro não se come.’’

2) Do ponto de vista cultural, as mudanças também são registradas? 
É possível tornar a cultura focada no pensamento crítico e na diversidade?

Estamos passando por um tempo extremo, em muitos aspectos. É como se muita coisa que estivesse crescendo na sombra viesse à tona ao mesmo tempo. Desde 2013 já vem se desenhando um fissura social que ficou evidente nas últimas eleições, mais explícita entre os que votaram e apoiam Bolsonaro e os que não e são contra a barbárie que ele legitima. Minha geração, que veio de um processo de redemocratização do país, implementação de políticas públicas de ampliação ao acesso a direitos básicos, desenvolvimento e participação social, e que se sentia muito livre para se expressar, criar, ser e viver além do racismo, sexismo, da homofobia e da degradação ambiental, agora acordou para uma realidade bruta e cheia de encontros com posturas ameaçadoras, odiosas e violentas no dia a dia, que talvez sempre estivessem ali mas que nunca tinham exposto as dimensões de suas presenças. Uma grande parte da população com preconceitos e uma visão extremamente individualista, que cresce junto aos retrocessos autorizados pelo discurso do presidente e sua família. É como se os valores que buscamos por uma sociedade mais igualitária e harmônica, com inclusão e respeito à diversidade, minorias e aos direitos humanos e dos trabalhadores, não estivessem mais protegidos e em voga. Por outro lado, também há um forte movimento de empatia, união e cooperação entre os que estão buscando sustentar outra frequência e ser ponte para novos caminhos.

Fica ainda mais evidente que o baixo nível de escolaridade e alfabetização funcional oferecidos a maioria do povo brasileiro, somado a todos os cortes na educação e pesquisa, desmonte da ciência e cultura que estamos lidando, desvelam um plano de poder obscuro que visa cercear as possibilidades de desenvolvimento humano das massas, no intuito de estagnar a elaboração do pensamento crítico e limitar ações que proporcionem oportunidades de uma construção efetiva e coletiva das transformações necessárias.

De qualquer maneira, faço parte dos que encaram os desafios e direcionam suas energias para as práticas cotidianas, plantando mais sementes de consciência em tudo que tocam. Neste momento, posso dizer que estamos vivos, muito vivos, estamos juntos e somos muitos.

3) Seu nascimento e infância estão ligados à floresta e ao mundo indígena. 
Que relação você ainda tem com essas dimensões? 
Qual tem sido a herança dessa experiência original?

Meus pais se conheceram e começaram a namorar em uma tribo Assurini, no Pará, em meio à Floresta Amazônica, quando faziam trabalho voluntário cuidando da saúde indígena. Eles moravam em uma pequena vila que se formou em função da construção da Hidroelétrica de Tucuruí, a primeira grande usina na região, que foi inaugurada no ano em que eu nasci. Vivemos lá toda minha primeira infância e eu tenho muitas memórias vivas da magnitude e beleza da floresta. Eu me lembro de sua força já em nosso quintal, a mata abundante que se abria com o cantar múltiplo de seus pássaros coloridos. Lembro da sensação fascinante de estar diante dela e de sentir um chamado profundo para adentrar seus mistérios. Também me lembro de ver boto cor-de-rosa na beira dos rios… Um universo tão precioso, pulsante e encantador!

Em minha juventude, quando comecei a me reconectar com minha essência, me despir das camadas de comportamentos e pensamentos padronizados que adquirimos e assimilamos como quem somos, me voltei para essa origem e a natureza. Me reaproximei das culturas indígenas e reconheci em seu modo de vida a minha própria busca por existir em contato e harmonia com a Terra. Aos poucos, me vi direcionando minha energia para o aprendizado de seus saberes e a defesa de sua possibilidade de existência.

Dos mais de mil da época da chegada dos portugueses, hoje nos restam cerca de 255 povos indígenas no Brasil, que vivem em um processo de luta constante e desigual pela manutenção de seus direitos. As realidades são variáveis mas, em geral, têm que lidar com muita discriminação, luta pelo reconhecimento, demarcação e preservação de seus territórios, enfrentar projetos políticos que visam forçar sua aculturação e integração à sociedade urbana e branca, além de toda violência e marginalidade a que estão submetidos diariamente. Quando me deparo com sua situação, é impossível não associar diretamente ao que estamos fazendo com a Terra. É como se nossa inconsciência em relação ao nosso pertencimento à ela, em sermos natureza e estarmos conectados a todas as formas de vida no planeta, refletisse em todo descaso, falta de respeito e maltrato às culturas indígenas. Uma civilização que destrói a natureza está matando a si mesma, se privando da oportunidade de aprender com a pluralidade da existência e caminha em descompasso com os próprios princípios da vida no planeta, que é abundante, diversa e cooperativa.

Acredito que a transformação da consciência não vem de um lugar de disputa, separação e guerra. Está mais presente na oportunidade de nos reconhecermos enquanto família humana diversa, para além das diferenças culturais, em se criar espaços abertos para o contato, diálogo e entendimento de outras formas de sermos e realidades. O documentário audiovisual abre essas janelas de escuta e percepção ampliada, onde podemos aprender com o outro, nos defrontarmos com distintos pontos de vista, mas também nos encontrarmos na humanidade que nos une.

4) Que propostas existem no Brasil que não aceitam as políticas de Bolsonaro para 
neutralizar a outra metade do Brasil, o que ele apoia? 
Você acha que são propostas válidas? Você a apoia ou tem outra proposta?

Eu não tenho conhecimento de tantas propostas efetivas, em nível mais geral. O que tenho visto é uma grande divisão entre as pessoas e muitos discursos de ataque de ambos os lados. De fato, estamos assustados, lidando com um governo autoritário, totalmente despreparado, que executa um desmonte das políticas públicas educacionais, culturais, sociais e ambientais. É vergonhoso acordar todos os dias e nos depararmos com pronunciamentos antiéticos, infantis e tantas medidas inconsequentes do governo Bolsonaro e sua família. Também já não é possível mais acreditar que haja justiça legítima no país em que o juiz que condena um ex-presidente sem provas reais assume o cargo de Ministro da Justiça no favorecido atual governo.

Em contrarresposta à derrocada e ao conservadorismo da extrema direita que assumiu o poder, há um importante movimento de entrada de muitos atores sociais nas arenas políticas do país, representando minorias em um levante de ocupação e valorização de suas culturas e direitos. Ao exemplo do mandato coletivo para deputado estadual da Bancada Ativista, em São Paulo, que elegeu nove integrantes, entre eles uma mulher indígena e uma mulher trans. Também me alegra e anima muito a eleição de Erica Malunguinho, mulher negra e a primeira transexual a assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo. Uma artista, educadora, grande intelectual e realizadora que criou o Aparelha Luzia, espaço cultural e político reconhecido como um quilombo urbano. Há ainda a chegada de Joênia Wapichana ao Congresso Nacional. A primeira mulher indígena a se tornar advogada no país e também se eleger deputada federal nas últimas eleições, premiada na ONU por sua atuação na defesa dos Direitos Humanos.

Eu acredito que tudo isso que estamos vivendo é um chamado para ocuparmos nossos lugares e agirmos diretamente na transformação que queremos para nossa sociedade. Não adianta mais delegar ou acreditar que a mudança vem de fora ou das promessas de um partido e/ou líder distante. Nosso sistema político precisa passar por uma reforma intensa, uma grande renovação, são muitos séculos de dominação dos grandes coronéis e de suas famílias, uma elite política e econômica que atua para continuar concentrando seus privilégios e poderes, sem nenhum pensamento em benefício popular ou escrúpulo com as sequelas deixadas para maioria, naturalizando a corrupção, a segregação e os abismos econômicos e sociais. É preciso estar perto, agir em nossas comunidades, nos microcosmos a que temos acesso. Trabalhar em rede e participar das decisões. Todo ato em si carrega uma força política, tem consequências e entrega algo ao mundo.

Tenho pesquisado e pensado muito na necessidade de nos movermos em direção a uma Declaração Universal dos Direitos da Natureza, como nos propõe o equatoriano Alberto Acosta, em que todas as formas de vida possam ter seus direitos à existência garantidos constitucionalmente e reconhecidos por todas as nações. Sabemos que esse primeiro trabalho de legislação e acordos internacionais não acarreta a adoção imediata de seus princípios, mas já inicia o processo de absorção de conceitos que viabiliza uma mudança de paradigmas.

5) Depois do documentário Flor Brilhante, que alcançou diferentes cantos e idiomas 
do mundo, que ganhou prêmios e emocionou os telespectadores... 
no que você está trabalhando?

Sigo firmada no meu propósito de atuar pela transformação positiva e amorosa da consciência humana, trabalhar ativamente junto aos povos indígenas e pelos direitos da natureza. Como documentarista, busco retratar as realidades dos povos originários através de narrativas que privilegiem e abram espaço para o protagonismo e a voz das mulheres dessas comunidades. Nos últimos anos, estive pesquisando e acompanhando a luta dos Guarani Mbya do Pico do Jaraguá, periferia da cidade de São Paulo. Desenvolvi um projeto de longa-metragem, com meu roteiro e direção, que foi aprovado em um edital do recentemente extinto MINC (Ministério da Cultura). Tínhamos previsão para início da produção neste semestre, mas estamos com os processos protelados junto a todos os administrados pela ANCINE (Agência Nacional do Cinema). Com o atual governo, trabalhar com estas temáticas, que já eram marginais e quase utópicas, se tornou ainda mais desafiador. Estou me organizando para aplicar para um mestrado fora do país, com o objetivo de me desenvolver profissionalmente e poder dar aulas nas universidades, mas também criar pontes e encontrar instituições e pessoas parceiras para seguir tendo apoio e financiamento para trabalhar por aqui.

Recentemente, estive no noroeste de MT dando aulas de documentário para jovens indígenas Myky, junto à documentarista Amanda Palma. Agora, estamos estruturando um projeto mais profundo de educação audiovisual focado em mulheres indígenas, com o intuito de passar períodos imersivos nas aldeias ensinando a ferramenta, para criar autonomia nas produções para que possam narrar suas próprias histórias, construir estas imagens de auto-representação, além de valorizar e preservar suas culturas, línguas maternas, ampliar suas vozes e denunciar violações de direitos. Percebo que o ensino audiovisual e documental, hoje, tem uma importância similar à alfabetização, pois muitas das jovens lideranças indígenas, mesmo nas aldeias mais distantes dos centros urbanos, estão hiper conectadas com seus celulares, navegando por redes sociais, compartilhando e gerando mídias e conteúdos digitais.

A poesia segue viva em mim em todo instante e permeia tudo que faço, independente da linguagem de expressão. Atualmente, estou participando com meus poemas e performance no espetáculo Força Mulher, da cantora e compositora Estela Ceregatti. Também comecei a organizar um novo livro de poemas e escrever um de contos.

Série de imagens: “Menino Xavante, Semente Valente”, de Jade Rainho e Allyson Alapont.

Foto de Jade Rainho: Cla Virmond e Pedro Ivo.

Compartilhamos um poema-oração de Jade Rainho, apresentado durante a performance no espetáculo Força Mulher, em Cuiabá, em agosto de 2019.

Mãe, eu quero brotar como Florestas
selvagem, rompendo o concreto da mente tapada
árvore valente, crescendo contente
com a força da Terra na flor da palavra
Independente do que vier,
saber nutrir e erguer as cores da Liberdade – que é a própria vida
que a minha presença seja fresca e acolhedora
e deixe frutos abundantes, sadios e compartidos
entre todos que tocarem minha matéria
que minhas palavras saibam colher e repartir
na simplicidade do falar de nossa gente
e que eu possa ser humilde o suficiente
para ouvir e receber a sabedoria compartilhada por cada um
que meu serviço seja para todos nós
e meu caminho tenha Paz e fortaleça
e que mesmo na tormenta eu possa aprender
a reconhecer o ensinamento oferecido
que eu saiba agradecer essa oportunidade preciosa de nos retratar
e que meu olhar seja generoso o bastante
para perceber a beleza de tudo que nos acompanha
que eu tenha coragem para me mostrar por inteiro,
mesmo que nem sempre venha a agradar a todos
e que este caminho se faça firme e contínuo,
semeando um jardim que possa inspirar a outros
que eu encontre meu lugar e missão nessa troca com a gente
e o propósito sempre se alinhe com seu tempo,
refletindo as curas necessárias
que eu tenha alegria e leveza nos olhos curiosos,
que possam sempre nos nutrir e libertar

Mãe, eu sou sua semente no mundo
raiz eterna do coração profundo.

 

JADE RAINHO (Tucuruí, PA, 1985). Poeta, pesquisadora cultural, documentarista audiovisual, educadora, ativista pelos direitos humanos e da natureza, Jade Rainho coloca seus dons em movimento para servir a transformação amorosa da consciência humana e a preservação e defesa das culturas indígenas. Alguns de seus poemas concorreram a prêmios no Brasil e seu documentário de estreia, Flor Brilhante e as cicatrizes da pedra, foi exibido em 21 países e premiado no Brasil, Bolívia, Peru e México.

LUCIA CUPERTINO (Polignano a Mare, Itália, 1986). Escritora, antropóloga e tradutora cultural. Formada em Antropologia cultural e Etnologia (Universidade de Bolonha), obteve um mestrado em Antropologia das Américas (Universidade Complutense de Madri) com uma tese sobre a tradução de fontes literárias nahuatl. Viveu por um longo período na América Latina e na Itália, com estadias mais curtas na Austrália, Alemanha e Espanha, vinculadas a projetos de pesquisa, educação e agroecologia. Escreve em italiano e espanhol e publicou: Mar di Tasman (Isola, Bolonha, 2014); La mia casa non ha tetto – Non ha techo mi casa (Poetry House, San José, 2016, em italiano e espanhol, prêmio comunitário pelo declive íngreme); The Origami Book Five poems di Lucia Cupertino (Los ablucionistas, Cidade do México, 2017). Seus trabalhos poéticos e narrativos foram publicados em revistas e antologias italianas e internacionais. Parte de seu trabalho foi traduzido para inglês, chinês, espanhol, bengali e albanês. Ela é curadora de 43 poetas de Ayotzinapa. Vozes para o México e seus desaparecidos (Arcoiris, Salerno, 2016, menção crítica no Lilec Literary Translation Award – Universidade de Bolonha); Eu me mudei. Sinais de um mundo de viajantes (Terre d’Ulivi, Lecce, 2016) e Canodromo de Barbara Belloc (Fili d’Aquilone, Roma, 2018). Membro do júri do Prêmio Trilce 2018, Sydney, em colaboração com o Instituto Cervantes. Co-fundador da World Writing Web www.lamacchinasognante.com, com a qual promove iniciativas literárias e culturais na Itália e no exterior.

 

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