os algoritmos me encaminham

pelos caminhos da vida

 

pare

no sinal vermelho

siga

no verde

atenção

no amarelo

 

aumente o passo

acelere

quando estiver ao lado

da miséria humana

 

nao olhe

siga o fluxo

é um exercício

de insensibilidade

 

a maior cidade do país

entre moscas e pessoas

perdemos a empatia

 

nao questionamos

nao lutamos pelos nossos

 

preferimos fechar os olhos

e acreditar

que eles fariam algo de bom por nós,

que eles nao sao os mesmos que há 500 anos

matam,

roubam,

exterminam geraçoes inteiras,

 

aqueles que sequestram futuros,

aqueles que preferimos nao nomear,

nao debater,

 

aqueles que cavam fundo

a vida de

milhoes e milhoes

de pessoas,

aqueles que falamos

como se nao fossem tambem

o que somos,

 

reflexos distorcidos

de um país colonizado,

com um pensamento

eurocentrico dominador,

com uma cultura massificada

e opressora,

produtos destes tempos rasos,

espelhos do nada existencial.

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Marianna Marimon, 30, escritora antes de ser jornalista, arrisco palavras, poemas, sentidos, busco histórias que não me pertencem para escrever aquilo que me toca, sem acreditar em deuses, persigo a utopia de amar acima de todas as dores. Formada em jornalismo (UFMT) e pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura (USP).

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