Raul Fortes

José Ramos Tinhorão, de forma quase profética, nomeou uma de suas obras com o título “O Samba agora vai”. E ele foi… Desceu dos morros e virou marca registrada de um povo que, mesmo diante das adversidades, faz rimas e canta para espantar seus males e mitigar as asperezas da vida. Afinal, como dizia Donga: “… Deixa as mágoas para trás, oh rapaz…”.

Mas se temos que lembrar e bendizer alguma figura exponencial da história do samba, evoquemos aqui o grande Domingos Caldas Barbosa, com sua viola de arame. Este brasileiro nascido em 1740 (Cuiabá já comemorava seus 21 anos…), filho de mãe angolana, por obra do destino se educou em colégio jesuíta. Burlando a fatalidade de sua situação social, fez dos infortúnios a inspiração para suas letras e canções. Era, então, apreciado pela elite por sua paixão em cantar suas modinhas e maxixes evocando sua terra natal.

Donga

E foi assim que, contratado para divertir a nobreza quando se cansavam de ouvir modas ao som do cravo, entrava com sua viola. O resultado de suas intervenções de modinhas, lundus e maxixes fez com que os europeus se voltassem para essa criação popular. O que se viu depois com a célebre obra de Donga, “Pelo telefone”, foi realmente a conquista cada vez mais acelerada do gosto popular pelo samba. Dos morros do Rio de Janeiro até as terras Paiaguá, a junção do violão, do pandeiro, do cavaquinho e demais instrumentos populares fez florescer na sociedade brasileira o gosto pelo ritmo que contagia a todos.

Marinho 7 Cordas

Por aqui, na  calorosa Cuiabá,  nosso povo sambista celebra por longos anos essa linguagem musical  fantástica. Como exemplo citamos Marinho 7 Cordas e seu saudoso “Choros e Serestas”, que acolheu e escreveu a história do Samba por décadas. Sem falar do Beleza Pura, com Marcelo do Beleza, mestre Munir, Xuxo e companhia, que marcaram época nos blocos carnavalescos.

Hoje o samba continua forte na cultura mato-grossense. Nomes como Juliane Grisólia, Zeh Gustavo e os meus companheiros do “O samba, a Bossa e as Novas” (Raoni Ricci, Larissa Padilha, Marcelinho Fernandes e Rodrigo Mendes) movimentam a cena do samba.

O Samba, A Bossa e as Novas

Na data em que se comemora o Dia nacional do Samba quero exaltar essa linguagem musical brasileira que tem a alegria como uma de suas marcas. Quem frequenta sabe que roda de samba é lugar de riso solto, paz e leveza. Vida longa ao samba, a tudo de bom que ele fomenta e toda alegria que espalha.

De uma forma nem tanto exagerada ouso terminar dizendo que: se não houvesse viola, cavaquinho e pandeiro, talvez o mundo não teria o colorido, a altivez e a alegria de um povo: o brasileiro. Salve o SAMBA!

 

Raul Fortes é radialista, músico, apresentador de TV, pesquisador, cronista, 
produtor cultural e faz mais um montão de coisas.

 

 

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