Por Gilda Balbino*

Esse ano parece ter sido gestado num ritmo frenético pela vida humana, informações e a produção de bens e serviços, em larga escala global. As cidades ocupadas por intensa aglomeração, interconectadas, mundo virtual cada vez mais evoluído e exigindo mais conhecimento para combater seus excessos, fake news….. muita aceleração.

Shopping center – O templo do capitalismo

De repente, aparece um vírus destrutivo, desconhecido, contagioso e começa a dizimar vidas e a perplexidade e a impotência tomam conta do mundo. Restrições rigorosas  resguardam a saúde pública, tentando conter a propagação e o seu contágio enquanto o mundo científico tenta encontrar explicações…. de onde surgiu?  como surgiu? como combater?

E a economia mundial pressiona os governos. Por que parar a economia, por que dar prioridade a vidas humanas já que serão atingidos em primeiro momento os mais vulneráveis, os pobres, os doentes, os idosos, os improdutivos…. Essa é a lógica do capital.

As pessoas em vulnerabilidade extrema são mais suscetíveis aos efeitos da pandemia

Só nos resta provocar a reflexão crítica: por que escolhemos viver de forma tão frenética, tão consumista, tão mecânica, dilapidando a natureza, sem dar valor aos afetos verdadeiros? A quem serve esse tipo de vida a não ser a essa indústria de consumo, aos banqueiros que nos levaram a uma cruel crise social onde os velhos, os doentes, as mulheres vítimas de violência, as crianças, os negros, os pobres são absolutamente dispensáveis e a natureza sendo explorada e destruída para atender a ganância do grande capital mundial.

Precisamos aproveitar esse momento e ampliar reflexões sobre perspectivas de outros mundos possíveis. Temos visto a cada escândalo que eclode no meio dessa pandemia, indecências morais contidas em atitudes e decisões aparentemente benéficas à sociedade e à saúde pública.

As mídias, a literatura e a ciência são as únicas instituições capazes de oferecer o espaço e o tempo necessários à reflexão crítica e impor um imperativo ético obrigando a instalação pelos governos de restrições rigorosas a fim de retardar o contágio e resguardar o máximo a saúde pública enquanto a ciência busca a solução para o combate a esse vírus.Nesse contexto, a adesão da sociedade não é fundamental apenas em número, mas fortalece as reivindicações de autoridade moral face a esse grave dano social.

*Gilda Balbino é advogada e assessora parlamentar, especialista em gerência 
de cidades pela FAAP.

2 Comentários

  1. Muito boa a reflexão sobre o ontem, o hoje e o amanhã. Vidas humanas interessam sim, a começar pelos mais vulneráveis, os pobres, os doentes, os idosos, as mulheres, as crianças, os negros e todos os demais discriminados pelo que Gilda classifica acertadamente como indecência moral gerada pela lógica sórdida do capital. A sociedade precisa impor sua autoridade moral, fazer a transvaloração de todos os valores, como martelou Nietzsche!

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