Por Fábio Guimarães*

 

Há dia em que a figura
É um homem pregado na parede.
Às vezes um peixe; a arara sem cor
(mas de invisível azul colorindo-a).
É um colibri inquieto, há dia.
Quando a manhã se abre triste,
É lágrima translúcida.
À noite, estrela na confusão
Brilhante dos astros.
Agora, nesse instante,
Uma escura mancha na parede,
Apenas.
A figura é a minha face,
Escura, doce, amarga,
Há dia!
Lógica exibição
Das dores tombadas
Aonde vão meus pés
Sobre ásperos seixos.
Ásperos escuros (noites?).
Ínvios caminhos.
Uma ironia. A agonia.

Um poema vai nascendo. Um erro ali, acolá.
Um verso se apaga. Nasce outro.
A alma espera um dia, dois, uma semana,
E ele chega: o sentimento.
É uma gestação.
O poema empurra a folha.
É preciso cuidado.
Uma mancha de sangue?
Um aborto?
Nada: ele cresce normal…

 


*Fábio Guimarães é poeta, escritor, professor e defensor público de Mato Grosso.

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