Entre linhas tortas, curvas abruptas, traços aleatórios, retas impossíveis, gestos inomináveis, sigo adiante, deixando as formas surgirem, no fluxo inconsciente, na expressão bruta de imagens que me atropelam.

É como olhar para as nuvens e encontrar-criar imagens, rostos, corpos em decomposição, fluidez, a dança das estrelas, miríades.

A repetição moldando a mão. As linhas correm entre meus dedos e riscam a superfície esponjosa dos dias. Espelhos a tentar refletir os estados do inominável, fantasmagorias alegóricas. Brincando de esconder com os espíritos que assaltam a memória.

Fabricação de jogos de ilusões. Corpos que saltam. Dançam no salão invisível da festa vazia. Os corpos estão sós. Dançam com a música do silêncio. Espectros fixos na tela branca  do papel que lampejam como instantâneos. 

Encontrei no tempo a matéria para moldar o mergulho fatal.

Qualquer semelhança é mera semelhança.

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