Para mim, a roupa fala. Assistindo ao desfile Outono/Inverno 2019 da Gucci, grife italiana que em 2015 nomeou Alessandro Michele como seu diretor criativo (um inovador que não segue as regras/diretrizes da moda e que há 4 anos revolucionou a Gucci com sua estética andrógina, romântica, vintage) fiquei mais fã.

Esta coleção/desfile privilegiou meu imaginário, provocando em mim sensações interessantes/instigantes, desde o convite que trazia uma máscara de papel-maché hermafrodita (que na mitologia grega era uma criança de dois sexos) com o nome gravado dos seus pais Hermes e Afrodite, simbolizando a androginia, até ao final do desfile, onde ao som de música gótica modelos desfilavam numa passarela toda espelhada gerando uma fusão vintage/futurista com roupas e acessórios carregados de informações de diferentes épocas e culturas.

As máscaras/acessórios (fatais, oníricas, mágicas, punks, de elfos ou alienígenas?) ampliam gestos e atitudes e acho até que elas atraem um poder misterioso para que nossa imaginação voe livremente, protegem e unificam independente de qualquer cultura, cor de pele, gênero, e consequentemente me parece que fazem prevalecer/permanecer a vibração essencial do SER (retirando seu ego) presente no espaço. Com um significado ambíguo e intrínseco a máscara se torna o objeto/ferramenta que nos expõe e nos protege, mostra e esconde ao mesmo tempo, qual a máscara você escolhe para vestir, viver, sobreviver? Só sei que conectaram-me à autenticidade do engajamento de Alessandro Michele, que neste desfile fortificou a silhueta Gucci. “Roupas como máscaras podem ser usadas para nos definir e defender” diz ele.

Nesse mundo cibernético, sobrecarregado de informações, de uma soberania implacável que impõe suas leis, onde a “tela” pode ser nossa máscara tirânica ele diz: “somos todos animais selvagens limitados pelas regras, sinto que sou alguém que tenta cumprir suas regras, mas às vezes é difícil para mim, porque há um lado muito selvagem em mim que pode ser muito agressivo quando eu quero me expressar” e ainda, “as novas gerações devem amar e defender a beleza do conhecimento. Pessoalmente sempre procuro me defender contra aqueles que querem tirar conhecimento e cultura.”

A Gucci promove a diversidade e inclusão em vários projetos, um deles já citado aqui.

Chime for Change é um projeto que luta pela igualdade de gênero.

O GucciGig que é um projeto colaborativo onde músicos e artistas criam trabalhos originais para apresentar as suas performances ao vivo usando os óculos da Guccieyewear idealizados por Alessandro Michele que aqui convidou a banda punk australiana Amyl and the sniffers (adoro) para fotografá-los em turnê, no ônibus da turnê, no palco e até num secador de cabelos vintage.

O projeto social Gucci Changemakers é dividido em 3 partes:

Changemakers Fund – com o investimento de 5 milhões de dólares em Ongs especializadas em apoiar a comunidade afro-americana e comunidades negras

Um programa de bolsa de estudos de 1 milhão e 500 mil dólares (com bolsas de 20 mil dólares para estudantes interessados em moda)

Iniciativa voluntária que abrange toda a empresa para incentivar a diversidade e inclusão em todos os setores da indústria da moda

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Glenda Balbino Ferreira é pianista, publicitária, curso de moda incompleto, empresária dona da camisetaria VISHI e mãe de Theo Charbel, 55 anos.

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