A notícia me pegou no susto! Morreu o músico Bolinha, um exemplo de resistência e personalidade ímpar. Brincalhão, levava a alma cuiabana na raiz de sua autenticidade, simples, acessível e uma alegria permanente. Vivia sorrindo, vivia tocando seu saxofone nas mais variadas situações. Bailes, festas de santos, shows, quintais cuiabanos e onde mais coubesse música lá estava ele. Morreu antes de completar 80 anos. Entrou e saiu do hospital e ainda tinha agenda marcada, só queria saber de tocar. Mas a morte interrompeu suas idas e vindas. A morte não espera, ela é invasiva. Interrompe fluxos, mas abre outros. Agora ficou na memória esse grande cara.

Lamento muito não ter conseguido leva-lo ao estúdio da Radio Assembleia, onde faço o programa Sons de Mato Grosso. Quando fiz contato pela primeira vez me dispus a ir busca-lo na Santa Rosa, sua morada e da esposa. Marcamos, por um motivo que não lembro não deu certo, ficamos de remarcar, remarcamos, quando liguei no telefone fixo ninguém atendeu, liguei mais vezes, seguidas vezes e não consegui fazer a entrevista. Aguardando nova oportunidade para leva-lo na Rádio, fui traído pela Senhora de todos os casos e acasos. Agora não dá mais. Perdi.

Foto: site OLivre

Mas fica a história, farei um programa com a memória-história de vida dele. Buscarei suas músicas gravadas, depoimentos dos amigos como Neurozito e outros. Jacildo e seus rapazes, primeira banda de rock de Cuiabá, efetivamente, já deixei marcado em uma crônica aqui no Cidadão Cultura e está presente nas programações musicais da 89,5 FM.

O rasqueado era sua praia, ajudou a revigorar o ritmo, fincou o pé na defesa da cultura cuiabana e mato-grossense. Aliás, coisa comum na família, Bolinha é filho de Mestre Albertino, maestro da banda da Escola Técnica, grande lutador pelos valores culturais da terra de onde se originou, inclusive do rasqueado que ajudou a revigorar e fortalecer. Cuiabá perde muito, mas morrer faz parte da vida, a única verdade que conhecemos. Mas Bolinha não morreu, não vai morrer, seguirá nas gravações de incontáveis músicas, ecoará na memória cuiabana pela eternidade, tá marcado na história, bendito seja, aqui na terra nós cuidaremos de você, meu caro!

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