Por Wender Ground Filho*

Assim contou Zarátrue, sobre a luz que brilhava na escuridão do Morro da Luz.
A bolha… bolha de sabão? Que brilha quando vai girando?
Não filhão. Estou falando da bolha da escuridão.
Vidje!
Ninguém sabe exatamente onde começou, mas está envolvendo e se alimentando de vidas da cidade.
Cabuloso!
Alguns antigos dizem que começou no Beco do Candeeiro, que ironicamente tem esse nome referente às luzes que iluminavam o beco no passado. Isso é contestado por outros antigos também. Dizem que a escuridão não brota no seio da boemia. Talvez a poesia, que pode ser até maldita, mas não se alimenta de Almas, pelo contrário alimenta a alma. Mas enfim…
Atravessou a rua e tentou alcançar o Morro do Rosário, que mesmo em suas épocas áureas dos anos 80 que cada conta era um conto, não foi engolido. A Ilha da Banana não teve a mesma sorte ou proteção. Alguns pingos de luz e vida ainda resistem ali, mesmo estando dentro da bolha.
Depois ela alcançou seu alvo: o imponente Morro da Luz. Que também ironicamente recebeu esse nome por estar la a sede da companhia que produz luz pra todo o estado.
O lugar um dia foi foi todo trabalhado para ser um lugar de lazer, estimular vida saudável no Centro da cidade, mas…
Daí vem a terceira hipótese de que a bolha nasceu no Palácio Alencastro, cresceu no candeeiro, se fortaleceu na ilha e agora pulsa no Morro da Luz. Querendo, me parece, se tornar o coração da cidade. O coração da dor. Que pulsa angústia e sofrimento pelas ruas/veias da capital trezentina.
E assim filhão, a bolha vai crescendo. E pra aqueles que conseguem observar resta somente o adendo do antigo e sábio pensamento: a luz não se impõe nem se opõe. Ela atrai.
E… também cresce.
Assim contou Zará.

*Wender Ground é poeta das beiradas, ronda o verbo na surdina, ainda. 
Vocalista que passou por várias bandas em Cuiabá, como BR364, Zagaia, Caximir 
& outras inserções.

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