Por Laura Nabuco*

No último fim de semana, quatro alpinistas morreram tentando chegar ao topo do Everest. A notícia veio com uma descoberta para mim: não penso mais como a (acredito) maioria das pessoas, que não titubearia antes de soltar um “afinal, por que arriscar a vida por isso?”

Juro que não estou rogando praga, mas você também corre risco de morrer quando entra no avião para dar início àquelas férias na praia; ou quando entra no carro para passar um feriado no campo, ou mesmo quando entra no ônibus para simplesmente chegar no trabalho.

Você corre risco de morte simplesmente para chegar do outro lado de uma avenida. Corre risco agora, enquanto lê esse artigo. Tem certeza que a fiação elétrica do local onde você está é a prova de curtos-circuitos que causariam um incêndio? Lembra do avião do Eduardo Campos? Caiu em cima de uma casa abandonada.

Por que, então, não correr risco para fazer algo realmente grande? Para chegar ao topo do mundo se essa é sua vontade?

A diferença entre os que não entendem os motivos que levaram os alpinistas a arriscarem suas vidas e as outras 96 pessoas que chegaram no cume do Everest neste fim de semana é… a própria vida.

Pense nos últimos cinco anos e responda: o que de verdadeiramente marcante você realizou? Não viagens de férias, não nascimentos de filhos, não casamentos ou festas.

Não que essas coisas não sejam importantes, mas pense… Lembre de algo que você fez e que realmente sentiu orgulho de si próprio. Algo que te fez se superar em algum sentido. Algo pelo qual realmente valeu a pena correr o risco.

Não se frustre! Eu também não tenho essa lembrança. Acredito que elas não são fáceis de conseguir – olha o exemplo dos caras do Everest. O que não podemos é aceitar passar a vida sem, pelo menos, uma delas.

Pode ser um salto de para-quedas, uma viagem só com a roupa que couber dentro de uma mochila, um fim de semana acampado no meio do mato, um pedido de demissão não planejado, mas muito desejado, uma declaração de amor, qualquer coisa…

Pense em algo, deseje, faça!

Parafraseando Nando Reis, só não se deixe “gastar desse modo a vida: olhar pro Sol, só ver janela e cortina”.

*Laura Nabuco é jornalista.  

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