Por Fábio Pinheiro*
nem o feriado nos livra da indiferença
do tilintar dos niqueis abafando o crepitar do fogo.
eis a grande fornalha do trópico moderno:
casa de máquinas a céu aberto.
(teu sorriso alvo contra o ar cinza opaco
entre corolas secas rodopiantes
faz com que até a pólvora adquira gentileza.)
não há mais flores reais no meu bairro:
somente um polímero inflamável,
um canto de guerra de fogo e metal.
estes versos não atravessarão o front.
(a graciosa linha de sombra da tua silhueta no chão esturricado
me faz esquecer do vulcão que cospe as cinzas de setembro.)
*Fabio Pinheiro é poeta, professor e cidadão do mundo, daqui até a Índia

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