Por Raul Fortes

Há poucos dias estive revisitando minha coleção de filmes que marcaram época. Dentre eles eu encontrei “Hair”. Para quem nunca assistiu, essa obra prima é uma adaptação de um musical da Broadway. Sem querer dar spoiler, me atenho apenas à inspiração que me fez escrever este texto.

Hair, Milos Forman, 1979

Dirigido por  Milos Forman, o filme conta a história de um jovem convocado para a guerra do Vietnã. Ao se apresentar ao batalhão, o mesmo se vê às voltas com um grupo dos chamados hippies que, por sua filosofia, eram contra a guerra. O filme apresenta a música “Aquarius”, cuja letra faz alusão à Era de Aquário, um período em que a humanidade deveria, talvez por forças cósmicas, passar por grandes e profundas modificações comportamentais. E aqui começa meu devaneio.

Segundo os preceitos da Era de Aquário relatados na letra dessa canção, “Quando a Lua está na Sétima Casa e Júpiter alinhado com Marte, então a Paz guiará os planetas e o Amor comandará as estrelas. Este é o amanhecer da Era de Aquário”. Talvez estejamos apenas numa ainda distante aproximação deste ideal…

“Hair”, adaptação brasileira de Charles Möeller e Claudio Botelho

Mas entre uma taça de vinho e alguns pensamentos meus, lembrei que há poucos dias observamos o mundo inteiro (com raras exceções) soltar fogos e fazer movimentos de extrema alegria pela virada do ano. Um momento em que as pessoas se voltam para  renovar as energias e para acreditar em um mundo melhor, num ano NOVO cheio de realizações. Lindo, se não fosse apenas um gesto muitas vezes desacompanhado de verdadeira coragem de imitar, não a festa, mas o conhecimento dos princípios que a regem.

Princípios e Conhecimento…

Daí me pergunto: se almejamos tanto a chegada de uma Nova Era, cheia de paz, harmonia e solidariedade como a canção diz, então por que razão não vivemos não só a festividade de passagem de ano, mas os princípios de que somos uma só raça, vivendo numa só casa, bebendo da mesma água e respirando o mesmo ar…

Com certeza, faria mais sentido ver que as diferenças fazem o colorido humano. As diferentes características de cada etnia são, em verdade, necessárias para se formar o texto escrito por nossa civilização. Assim como não se faz uma palavra com apenas uma letra, não se faz um mundo maravilhoso e cheio de diversidades sem as nuances de cada povo.

Espero que na virada do próximo ano, a humanidade comemore igualmente, em toda parte, a aceitação do outro, o fim da discriminação em seu aspecto mais amplo. Daí sim, os anjos ou avatares, como queiram, irão aplaudir do firmamento a tão sonhada paz na Terra.

Será um colorido especial, verdadeiro, além do colorido dos fogos e da algazarra humana no dia 31 de dezembro. Quem sabe…

Raul Fortes é radialista, músico, apresentador de TV, pesquisador, cronista, 
produtor cultural e faz mais um montão de coisas.

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