Caio Mattoso

Recebi uma chamada.

Entrou no meu carro uma mulher estilo piriguete e como de prática fiquei na minha e soltei só um: bom dia, assim como eu faço com qualquer passageiro. Ela se sentou no banco da frente, ao meu lado. Educadíssima e séria. Em silêncio. Percebi que, “sem querer”, olhei para suas pernas retornando rapidamente meus olhos para a direção-destino. Ela, bom, ela eu acho que percebeu também. Corrida encerrada, deixei-a numa boate, dessas que tem mulher pelada.

Dentro do estudo de Célia João Lopes Carreira “Psicopatologia e Personalidade em Clientes de Prostitutas um Estudo Comparativo” cita-se autores/pesquisadores que indicam homens de 35 a 50 anos os clientes mais frequentes. Viciados, desejosos por formas diferentes de fazer sexo, homens que não atingiram maturidade afetiva e sexual. O retrato psicanalítico dos clientes evidencia a homossexualidade latente enraizada na relação com o pai e uma busca contraditória de identificação e rejeição da mãe que origina uma transferência de comportamento na medida em que a prostituta passa do masoquismo ao sadismo e o cliente do sadismo ao masoquismo. O cliente busca um corpo sem lei’. Casados e solteiros utilizam do serviço. De acordo com Le Moal, clientes podem ser agrupados em três categorias: adolescentes, casados ou celibatários e perversos.

Dentro do estudo de Célia é demonstrado um quadro de Stein com funções psicossexuais da prostituição; são elas, alívio sexual, expansão sexual, relacionamento, divertimento sexual, melhoria de status.

Ei, garota, CUIDADO

A função ‘relacionamento’ que preenche necessidades emocionais, onde os homens conversam muito e procuram a sua companhia fora do contexto sexual é a mais perigosa para a PROSTITUTA, pois o cliente pode se tornar violento caso ele se sinta frustrado e rejeitado.

Recebi uma chamada

Pela primeira vez neste seriado reconheço que essas chamadas que eu tenho recebido são reflexões, meus pensamentos além de corridas reais. A força que me faz questionar profundamente sobre a relação humana é tema principal de todos os capítulos. Ética valoriza a pessoa e isso certos aplicativos de transporte não estão fazendo. Principalmente a Uber, que capta dinheiro exageradamente dos trabalhadores motoristas.

Em nossa sociedade em estado de hipocrisia ainda se elege qual posição vale mais dentre as produtivas com diferenças salarias absurdas que preenchem nossos valores contratuais. Suponho a importância da prostituição como um serviço sexual porque fazemos sexo por diversão.  E para concluir este capítulo cito Vinícius de Moraes: “Deus, tende piedade das mulheres porque os homens não prestam. Deus, tende piedade de mim se ainda restar alguma piedade”.

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