Neide Silva é uma mulher de várias facetas. Além de psicóloga, ela tem construído uma sólida caminhada artística a partir da literatura e das artes plásticas. O público poderá conferir um pouco do trabalho dela entre os dias 07 e 27 de abril, período em que será realizada a exposição “Mulheres do Mato”, no Cine Teatro Cuiabá (sala Anderson Flores).

Além das telas pintadas pela artista, a mostra também reúne poemas das escritoras Divanize Carbonieri e Marli Walker. De acordo com Neide, os trabalhos selecionados para a exposição tratam de mulheres indígenas e suas descendentes em situações desfavorecidas, de aculturamento. As telas expressam ainda a importância do resgate cultural para o fortalecimento dessas mulheres e de suas comunidades.

Para a crítica de arte Aline Figueiredo, que assina a curadoria da exposição junto com Neide, as obras da artista mostram a vocação dela no combate às desigualdades sociais e na defesa da mulher. “O crítico Frederico Morais disse, mais de uma vez, que a renovação da arte brasileira viria da ‘Província’. É verdade e eu acredito que é da periferia das nossas grandes cidades que estão surgindo esses novos talentos”, explica Aline.

A escritora Marli Walker considerou desafiador e instigante criar poemas relacionados ao tema, principalmente quando se trata da poesia visual, que estabelece com o leitor um acordo que vai da imagem ao texto, à palavra, e vice-versa. “A mulher do mato é aquela que habita todas nós, em certa medida, e trazer essa ideia para a instância artística é um desafio e uma descoberta”, disse a escritora.

A exposição “Mulheres do Mato” faz parte de um projeto de mesmo nome que conta com o apoio da Lei Aldir Blanc (editais da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer – Secel). O projeto tem ainda a participação de Célia Soares (designer, mediadora cultural e fotógrafa).

Trajetória – Neide Silva tem 47 anos, é descendente de indígenas e cresceu na periferia de Cuiabá, no bairro Pedregal. Começou a se interessar pela arte ainda menina, inspirada pelo irmão, o também artista plástico Sebastião Silva. Ela acompanhava de perto as conversas dele e dos amigos que frequentavam o Ateliê Livre do Museu de Arte da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

A escrita é uma das paixões de Neide. Ela já publicou cinco livros infantis: Cigamiguinho, Iribi Sabiá, Sabina – A sapinha bailarina, Kaike e Elvis e Lola. Sua sexta obra literária está em fase de edição. Trata-se de “O Reino que Ruiu”, selecionada no edital Aldir Blanc da Prefeitura de Cuiabá (MT).

O insight para a criação do primeiro livro (Cigamiguinho) veio durante a gravidez do filho mais novo de Neide, Norberto, quando ela tinha trinta e sete anos. “Naquele momento, eu entendi que seria através da escrita que eu poderia me comunicar com as pessoas e incentivar aqueles que, assim como eu, vieram da periferia, não tiveram muito incentivo ao estudo durante a infância, têm pais e avós analfabetos. A escrita seria o meu grito de socorro e a minha forma de dar força para tantas pessoas que se julgam incapazes de criar arte e fugir dos destinos que estão postos por uma vida de miséria e limitações”, destaca Neide.

A relação com a pintura se intensificou há quatro anos e, por meio dela, Neide Silva procura caminhos e se aventura por diversos estilos. Ela não tem medo de experimentar, sabe que a arte é também um exercício de coragem. Como ressalta Aline Figueiredo, a coragem e motivação de Neide fazem com que ela se supere a cada quadro, colecionando mais acertos do que erros.

*Com informações da Assessoria de Imprensa

Deixe um comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here