“Calma, não é o que você está pensando!” Já ouvimos muito essa frase em determinadas circunstâncias da vida que todos sabem muito bem qual é. Aquilo que não é o que aparenta ser.
Outra frase muito ouvida é “essa é a luta do bem, a boa batalha!” Os novos guerreiros de Cáceres são jovens que travam a batalha da rima, aliás, a rima é solta e a língua precisa ser destravada, o improviso reina, as palavras fluem no ritmo e adrenalina da hora, olho no olho, boca contra boca, línguas de fogo. No jogo da rima não tem vacilo, o melhor versejador navega mais longe na batalha. Quem vai mais longe chega em primeiro.
os últimos serão os primeiros. (lugares tão comuns)
As palavras se oferecem na velocidade do pensamento, os versos ganham vida na dilaceração do ser, na busca ensandecida de achar o tom mais que perfeito da rima.
É isso, formado há cerca de um ano, o grupo Conexão CNV (Conexão Cohab Nova e Velha) da cidade de Cáceres-MT tem como foco principal passar mensagem de luta, realidade social e conscientização. “Prevalecer a coletividade é o objetivo do grupo, poder passar a bondade e expressar originalidade pra diversos âmbitos.”
O grupo é formado por, Rinander Shok – vocal; Lucas Goma- vocal; Henrique, vulgo Maciel – vocal; e Vinicius Mendes – DJ. Eles já estão em plena produção de um EP com 10 músicas, todas de autoria dos próprios integrantes do grupo. Deixam bem claro que a produção é totalmente independente, como negócio e como arte. A estética que advém das ruas carrega em si já a liberdade de criar sem amarras, cavalo selvagem no campo livre da imaginação. Eles preveem o lançamento do EP para setembro e estão gravando um web clipe também. Pressuposto de nossos tempos de agora: use tudo que puder, áudio, vídeo, texto, foto, fato, tato, jeito, afeto, afoito ou não, é preciso levar o verso na canção da vida.
O fenômeno hip hop avança quebrando fronteiras no mundo todo. Está em expansão, ritmos diversos e poesias de diferentes línguas e sonoridades estão se conectando e se dispondo a lutar, conscientizar, levar mensagens de transformação, de autonomia para os povos e todas as pessoas. Arte- manifesto, direto na cara, no estômago, é preciso sangue quente e mente fria para entrar na batalha. Língua solta, verso livre.
O grupo está buscando expansão, e para isso, está sempre trabalhando, na gravação das músicas e nas formas de intervenções culturais. Como exemplo, a primeira batalha de rima já realizada na cidade, na praça Duque de Caxias. Um fator de inovação nas práticas culturais de Cáceres. Nas palavras do grupo: “A “Batalha da Duque” é fruto da união de um grupo de pessoas que se identificam com o RAP e com a coletividade. Nos mobilizamos em prol da cultura para que ocorresse o evento. Sem nenhum auxílio material ou financeiro, a batalha deu-se início no dia 17 de dezembro de 2016. É totalmente grátis a inscrição para participantes e para o público, ou seja, é totalmente público e acessível, já que o local fica no centro da cidade.
O duelo de MC’s, que no caso é o motivo da batalha, acontece da seguinte forma: são dois MC’s batalhando, por rounds, com tempo determinado. Os juízes da batalha são escolhidos entre as pessoas que estão prestigiando a arte no momento e o MC que passar uma ideia considerada melhor, ou mais coerente, vence o round.”
Eles afirmam em alto e bom manifesto: “O objetivo da batalha de maneira nenhuma é só pela competição, e sim para provocar a união de todos que estão ali.”
Após um tempo com o evento dando certo foi ampliado o espaço de atuação e incorporaram outros movimentos artísticos jovens com todos podendo mostrar seu trabalho. O movimento chamou a atenção da cidade e hoje eles contam com alguns apoios que bancam a estrutura dos eventos que acontecem aos sábados, intercalados, com frequência quinzenal.
PS + Esse texto contou com a colaboração do correspondente por afinidade em Cáceres, Cidadão Raoni Vilasboas Valentin
