Ícone feminista radical, artista visual, punk e multi-mídia, Linder Sterling se inspirou no desejo, na sexualização, no não-conformismo, desafiando as noções do que significa “ser mulher” produzindo uma arte desafiadora/controversa/surreal, para libertar as mulheres de suas limitações sociais.

Nascida em Liverpool (1954) passou sua adolescência punk e parte da vida adulta em Manchester. Explodiu na cena punk e cultural de Manchester nos anos 70 com as suas colagens subversivas.

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É conhecida por suas foto-montagens combinadas com imagens tiradas de revistas pornográficas, revistas de moda, revistas com pin-ups, revistas que contenham eletrodomésticos, onde contrapõe/confronta/provoca e encena a expectativa cultural ao corpo feminino como uma mercadoria.

O denominador comum de sua arte é o corpo feminino.

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Além da arte visual, ela dedica-se também à arte de performance, instalação, fotografia, filme e impressão, com temas como o não conformismo religioso, atitudes punks, os estados de êxtase/prazer e a divindade/santidade feminina.

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Foi cantora da banda pós-punk Ludus que fundou em 1978. Ela desenhou quase todas as capas dos discos da banda (que vai de um pós-punk irritado a um jazz experimental e até ao pop melódico), com letras que vão de tema de gênero, amor, sexualidade, desejo feminino e alienação cultural.

O fim da banda aconteceu em 1983 onde na última apresentação Linder usou um vibrador por baixo de um vestido de carne, chocando a plateia. E quem achou que Lady Gaga foi a primeira hein?

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Aos 60 anos Linder Sterling diz que o desejo sempre esteve no cerne de sua arte. “Se isso é cupcakes, ou seios, ou nádegas, ou sofás, quando se trata de desejo humano, nada mudou. O desejo é uma parte eterna da maquiagem humana, então eu suponho que ainda estarei compondo/construindo/organizando pornô, pornô hardcore, ou qualquer outra coisa, até eu ter 90 anos”.

“Quando fiz minhas primeiras colagens em 1976, a Rank Xerox em Manchester se recusou a fotocopiá-las. Eu tive que enviar para Jon Savage (escritor inglês) em Londres onde ele conseguiu fazer as cópias”.

Isso mostra o preconceito que ela (visionária) encontrou e enfrentou na construção de gênero e seus laços com a cultura e o capitalismo através de suas fotomontagens desconstruídas/exclusivas.

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Ela fala do processo de cortar e emendar: “É como executar uma pós-morte cultural e depois remontar os cadáveres doentes, como uma Mary Shelley (escritora britânica autora de “Frankenstein” de 1818, dentre outros), tentando dar vida ao monstro”.

Na década de 70 a Spare Rib (revista feminista da contracultura de 1960 – foi a maior revista feminista do Movimento de Libertação da Mulher da Grã-Bretanha nos anos 70 e 80), era a sua “bíblia”. Linder Sterling uniu a estética vanguardista com a política feminista para produzir uma arte de coragem destemida/livre.

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Seu trabalho já foi exposto no Middlesbrough Institute of Modern Art, no Museu de Arte Moderna de Paris, em várias cidades da Inglaterra, no Stuart Shave Arte Moderna de Londres e na Tate Britain (permanente).

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Ao explicar por quê suas colagens unem seres humanos e animais ela diz: “talvez seja um anseio de fundir o que consideramos como animal, tanto psicológica quanto eticamente. Eu não como animais e tento não prejudicá-los. Ao usar a colagem posso explorar as tensões entre a condição humana e animal. Eu também posso jogar com ideias de coexistência. Não de uma maneira aconchegante mas no sentido de Tennyson (poeta inglês – 1809): natureza, vermelha, em dente e garra”.

Na moda, em parceria com a designer Victoire de Castellane, que desenhou a coleção de jóias da Dior Jewellery intitulada “Archi Dior” (inspirada nos desenhos da alta-costura da Christian Dior do famoso “New Look” – estilo do pós-guerra de 1947) e exposta na Biennale de Paris em 2014, Linder criou uma série de colagens descritas como “conversas criativas”. Foram três etapas de trabalho: primeiro, as fotografias originais dos anos 40, dos modelos Dior, segundo, a interpretação de Victoire e terceiro, a fotomontagem de Linder.

Linder colaborou também com o designer/estilista londrino Richard Nicoll (que morreu aos 39 anos em 2016) e que desenhou/criou em 2009 uma coleção de inverno baseada em um personagem das colagens de Linder “Neo Romantic” que se chamava “Tan-ya”, onde fotomontagens de nus femininos foram sobrepostas a estampas florais gigantescas em vestidos e camisetas. Roupas como corselets de PVC, corselets de cetim rosa com fitas, sutiãs, para uma mulher sexy, sofisticada e subversiva. Mulheres modernas ou reprimidas e ao mesmo tempo soltas e imorais. “Trabalhar com Linder foi um sonho completo tornado em realidade. Além de ser hilária, generosa, compassiva e fascinante, ela representa um tipo de anti-herói que eu admiro”. Explicando a empatia com Sterling.

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“Meu trabalho representa um poderoso personagem idiossincrático que reconhece o passado mas abraça o futuro. Tenho uma ideia clara do tipo de mulher que procuro: uma mulher que é forte, pensadora, independente, criativa, idiossincrática e que celebra a individualidade em detrimento dos ideais genéricos de status e sexualidade”. (Richard Nicoll).

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Serviço: Acontece até 22 de abril em Estocolmo na Galeria Andréhn-Schiptjenko uma exposição individual de Linder Sterling, Solo Linder. A exposição exibe trabalhos de toda a carreira de Sterling que se estende por mais de 30 anos.

Até logo!

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Glenda Balbino Ferreira é pianista, publicitária, curso de moda incompleto, empresária dona da camisetaria VISHI e mãe de Theo Charbel, 55 anos.

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