Passei a semana toda pensando no que escrever. Esperando algum acontecimento extra-ordinário para poder discorrer sobre, e realmente aconteceu. Às vezes nos esquecemos de que estamos todos interligados através de uma grande rede. A maioria das pessoas acaba esquecendo quão poderosa essa arma pode ser. Você está exposto.

A sua vida serve como espelho para todos, você é visto, você é encontrado e você é esperado. Você diz aonde você vai e marca os amigos que vão com você. Você conta sobre um término de namoro e faz um resumo sobre o fim de semana. Reclama da rotina do trabalho e conta que bebeu algumas muitas cervejas durante a semana, e você tem ressaca e as outras pessoas sabem disso e algumas até dividem essa condição com você.

As pessoas se curtem, se comunicam, compartilham e vivem juntos interligados pela rede. Os filhos aceitam solicitações de parentesco com os pais. Você pauta discussões. Você entra para grupos, você consegue receber informações de amigos distantes e até aquela tão esperada promoção da GOL.

Todos juntos celebrando o eu só para estar conectado. Mas até que ponto é bom estar exposto? Existe um limite? As pessoas te respeitam ou algumas te destratam publicamente? Você corre riscos, você está na rede. As pessoas sabem quem você é, mesmo que você não as conheça. Algumas até pensam que são íntimas por saber o que você pensa. E pensam por que se sentem assim, porque estamos compartilhando a vida toda, cada pequeno detalhe.

Se você mudou a sua foto por uma mais atualizada, as pessoas notam as diferenças. Notam se você parou de falar com alguém, mesmo que não saibam o porque. Você sente que está vivendo coisas em comum com outras pessoas, e você pode até chamar a atenção delas. Você compartilha suas emoções, seus problemas, e suas selfies. Procura ter pessoas para marcar com você.

Mas aí tente se lembrar de qual é o ponto limite entre a sua vida pessoal e a vida dos outros. É difícil, nunca sabemos quando ultrapassamos a linha. Reconhecer então? Os erros devem ficar escondidos, papel dos amigos que te conhecem tão bem. Alguns sabem o que você pensa, mas outros não. Alguns te acompanham, outros nem te seguem. Você se sente perto, sente que está incluído. Mas no que especificamente?

No que estamos conectados afinal? Somos amigos ou nem nos conhecemos? Você sabe da minha vida, eu sei da sua, mas e então? Qual o problema nisso? Talvez nenhum. Poderia ser problema se você ultrapassar a linha tão tênue do que é aceitável. A linha humana, porque é essa a única conexão que existe entre nós. Somos todos humanos.

E assim como em uma rede social, eu preciso te aceitar, para que você entre na minha vida e saiba os meus pensamentos. Para poder curtir ou compartilhar uma ideia com você, até mesmo para lhe dirigir o nome e isso é respeito. Mas acredite, isto é muito mais importante do que você pensa. Uma rede social é uma arma. Você está exposto, você está na rede e pode ser fisgado, como um peixe.

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Marianna Marimon, 30, escritora antes de ser jornalista, arrisco palavras, poemas, sentidos, busco histórias que não me pertencem para escrever aquilo que me toca, sem acreditar em deuses, persigo a utopia de amar acima de todas as dores. Formada em jornalismo (UFMT) e pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura (USP).

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