Por Geni Núñez*

Há pesquisadores, como o parente Gersem Baniwa, que comentam que o cristianismo foi responsável por instaurar uma das principais bases do racismo no mundo moderno.
Isso porque a ideologia judaico-cristã foi perpetrada com o objetivo de dominação de um povo (escolhido por Deus) versus outros povos (que mereceriam a morte). Nas guerras bíblicas do Velho Testamento, Deus tomava partido e com isso o massacre do povo inimigo, juntamente com a destruição de seus deuses, credos, modos de vida eram considerados bênçãos divinas.

No Novo Testamento, pessoas de outros povos também poderiam entrar no céu, desde que se convertessem ao único Deus verdadeiro (quem não crer já é condenado ao inferno, diz Jesus).

Quando Trump, Bolsonaro e outros supremacistas brancos fazem referência à Bíblia e a Deus, eles não estão se dirigindo a quaisquer cristãos.

Tanto nos EUA quanto no Brasil, há uma grande parcela da população negra e indígena que se define cristã, por conta da imposição colonial, mas é aos cristãos brancos que estes líderes racistas se dirigem.

Pra estes supremacistas, é apenas o povo branco que merece o céu, o único que seria limpo e puro (no sentido de pecado e de raça), não à toa a ideologia cristã é central nesta modalidade de racismo.

Mesmo o ódio a LGBTs se inspira num ideal civilizatório em que héterocis estariam no topo evolutivo e sexualidades diversas no polo extremo do ~selvagem, ~primitivo…racializado.
A adesão (forçada) ao cristianismo nunca protegeu pessoas indígenas e pretas da supremacia branca cristã, que segue sendo eficaz na colonização de nossas mentes.
Jesus é amor (colonial) a quem nele crê e morte a quem não lhe segue.

O amor cristão quando não nos mata por fora nos mata por dentro (etnocídio).

*Geni Núñez, Guarani, ativista no movimento indígena, sapatão, não monogâmica. 
Mestre em Psicologia e Doutoranda em Ciências Humanas (UFSC). 
Pesquisa colonialidades.

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