A palavra de (des)ordem é intervenção, mobilização, resistência, ocupação, e quantas mais palavras que indiquem formas de protestar contra o estado de coisas que assolam o país, o estado, o município. Todas as formas são válidas quando se trata de contestar os recuos e desmontes dos ganhos que experimentamos nas últimas duas décadas em termos de avanços na linguagem, no social, na política, no comportamento. Com o rock não é diferente.

Eis que surge a oportunidade de retomada dos atos de rebeldia, de contestação, atitudes que o rock ao longo do tempo foi perdendo e aderindo a modismos e mercado puro e simples, coisas que denegriram e muito a imagem de contestação e experimentalismo que sempre esteve associada ao gênero. Perdeu a batalha da contestação para o Rap e outras formas de protesto. Inclusive, somos testemunhas da migração de alguns movimentos, antes totalmente associados à rebeldia e que hoje cantam descaradamente a favor de  supremacistas, fascistas e tantos istas que rezam a cartilha reacionária. Alguns punks bolsonaristas, skinreads nazi e outras tendências, inclusive dentro do próprio hard core, hoje, aderiram raivosamente com a direita política.

Mas a galera, pelo menos parte dela, em Cuiabá, reage e promete mostrar acordes libertários em forma de resistência em um evento que promete reacender a fogueira para celebrar resistência contra o fascismo que cresce e aparece a olhos nunca dantes vistos no Brasil. Perderam a vergonha na cara e se mostram agora, o que é até bom, visto que podemos identificar claramente quem é quem nesse jogo político inerente a todos. Isto é salutar num processo de constante luta pelos espaços da afirmação política de seus pares, de nosso pares, dos solitários e dos coletivos que assumem posições nas barricadas. O que não dá é para ficar neutro num momento de tantas posições antagônicas de impasse e de intolerância que praticamente nos atinge a todos sem exceção.

É muito bom ver a galera roqueira mexendo os ossos e emprestando sua força para, através da linguagem musical, do gesto, do comportamento e da mobilização, retomar as trincheiras de luta contra a barbárie que vem se instalando por todos os lados.

Na apresentação do evento eles dão o tom: Intervenção com bandas de Hardcore/Metal e Metalpunk Crust mato-grossenses, mas também a proposta de se pensar cidadania e democracia a partir da participação política: isto é, cada cidadão pode e deve levar ao espaço público uma dimensão que permita conhecer e questionar sua própria realidade, haja visto a onda opressora que vem cada vez mais forte no país!

Dia 26 de janeiro, sábado, com apoio do Casarão Goiabeiras, quatro bandas de Cuiabrasa estarão fazendo um som e mandando seu recado no projeto “Acorde a cidade!”. Gregorsamsa (hardcore/metal), Brutal Annihilator (Death/Grind), Malevah (Crust Metalpunk) e Blokeio Mental (HC/Crossover).

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