Raul Fortes

– Meu amigo, na sua opinião, qual o maior artista mato-grossense vivo?

Enviei essa pergunta, em uma mensagem de WhatsApp, durante uma conversa com o escritor e amigo Eduardo Mahon. Um questionamento direto, mas nada simples. Parecia fácil, afinal, não entrariam na listagem grandes nomes, como Ricardo Guilherme Dick, Liu Arruda e Mestre Ignácio, por exemplo. Mas, após minutos de debate chagamos a um empate: Clóvis Irigaray, segundo Mahon, e Ivan Belém, em minha opinião.

Para dar sequência à disputa partimos para os argumentos.

Foto/Reprodução

– Irigaray e seu histórico de produção para a arte mato-grossense. São mais de quatro décadas produzindo, com exposições internacionais, inclusive.

Foto/Reprodução

– Ivan Belém não fica atrás no tempo. Também se somam mais de 40 anos de fazeres pela cultura e inclusive doutorou-se.

Empate mais uma vez!

– Ah, mas o Clóvis tem um desenho incrível, e o Ivan não usa o lápis.

– Usa, sim. Ivan Belém escreve! Uma das suas paixões. Caso não houvesse caneta, escreveria no ar.

Não buscávamos provas de nada. Argumentos aceitos e assim seguimos.

Arte de Clóvis Irigarai

– Clóvis desenha e Ivan nunca fez uma garatuja.

Arte de O Processo, monólogo de Ivan Belém

– Mas, Ivan fez circo e televisão!

Fomos de empate outra vez.

– Mesmo que uma coisa não tenha nada com a outra, Ivan é cronista e Clóvis não.

Pensei em como a conversa poderia voltar ao empate novamente, porque, de fato, Clóvis não é um cronista. Porém, o seu defensor é um especialista em romances e foi então que na barra superior do WhatsApp apareceu: _Digitando…_

Foto/Reprodução

– Dizem que Clóvis é divino.

Um silêncio virtual.

Escritores sempre surpreendem e a conversa era assumidamente escrita. Afinal, a virtude parecia fora do contexto do debate, mas tudo bem. Ser divino foi aceito. E adivinha? Empate técnico!

Seguimos somando as diversas artes e virtudes de cada um dos artistas. Sempre com um empate ao final de cada argumento. Então, resolvemos tirar no par ou ímpar, mesmo que, talvez, nem soubéssemos mais como jogar.

Mas um de nós, inquieto, lembrou:

Foto/Arquivo

– Ivan Belém era amigo de Liu Arruda, com quem atuou em centenas de vezes.

– Clovito teve como parceria Humberto Espíndola, que foi quem sugeriu pintar índios.

Nesse momento já nem lembrávamos mais que era a vez do par ou ímpar.

Mantivemos o empate, mas a conversa não se findou ali. Seguimos em busca de algo novo para falar sobre esses artistas inenarráveis.

Esse debate saudável e respeitoso teve início durante a manhã. Nas últimas palavras virtuais, cada um em seu celular, diante de um prato de comida (pois já era almoço) e uma taça de vinho, seguíamos empatados e empatando a cada argumento.

Acredito que constatamos que, qualquer informação ou justificativa, nos levava a um bom papo de vanguarda. E assim, como tudo começou, ficou empatado com a argumentação que tínhamos por perto.

Afinal, até nos debates sobre aqueles que reverenciamos, nem sempre encerramos com vitória, pois quem sempre vence é a arte!

Raul Fortes é músico, cronista, produtor musical, produtor cultural, apresentador de TV e Rádio, entre outros afazeres.

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