Por Tiago D. Oliveira*

mariana azevedo, casa oito,
fim de linha, sete de abril:
os telhados da rua feitos
de um quando dirimido,
vivo. todas as manhãs
a vida é no centro, a cidade
abrindo-se como um cú,
de dentro para fora, repelindo
a insistência, os corpos sem peso,
todos os dias: roda gigante,
a saga, a sina de um supositório
a tentar estancar a natureza.
às 04h30min levanta da cama
às 05h00min bebe café quente
às 05h30min entra no ônibus
soldier of timesoldieroftime
a voz que acalma saindo
dos fones no ouvido,
um grito afeto oração:
descer e caminhar com os iguais,
na dor e no suor respiramos
com as mãos dadas, caminhemos
com o sangue ressequido sob os pés.
às 07h30min, o prédio, o trabalho
começa, não há tarefa
maior do que a de igualar
as batidas do relógio
às do coração, não
há outra condução
para a lua: só o tiro
das 17h00min pode salvar:
mariana azevedo, casa oito,
fim de linha, sete de abril.

Tiago D. Oliveira, de Salvador-BA, professor e pesquisador, estudou letras na 
Universidade Federal da Bahia (UFBA) e na Universidade Nova de Lisboa (UNL). 
Tem poemas publicados em blogs, portais, revistas e jornais especializados como 
Alagunas, Avenida Sul, Canal de Poesia, Confraria do vento, Cronópios, Cultverso, 
Diários Incendiários, Diversos Afins, Enfermaria 6 (Portugal), Escamandro, Germina,  
Hyperion (UFBA), Janelas em Rotação, Jornal Livre Opinião, Jornal Relevo, 
Libero American, Mallarmargens, Musa Rara, O poema do poeta, Revista Saúva, 
Subversa, Zona da Palavra e outras. Em 2014 teve seu primeiro livro editado de 
poesia, “Distraído” (Editora Pinauna) e 2017 lançou o “Debaixo do vazio” 
(Editora Córrego). Seu próximo livro, “Contações”, sairá em 2018 pela Editora Patuá.

 

 

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