Rompendo barreiras e abraçando a diversidade, o estilista Isaac Silva pertence à nova geração de talentos brasileirxs que merece nossa atenção por realizar um trabalho contundente, forte, que acredita em si mesmo, no que quer ser/fazer e por exaltar forças femininas da cultura brasileira como, Chiquinha Gonzaga (pianista, compositora, concertista e maestrina, nascida no Rio de Janeiro em 1847 – uma mulher de grande personalidade que não media palavras para defender tudo em que acreditava e que estava muito à frente do seu tempo – sou muito fã e intérprete de suas músicas).

“Acredite no seu axé”, foi o tema escolhido por ele para o seu desfile de estréia na 48ª edição da São Paulo Fashion Week (2019). Diz: “a coleção não é tão alegre e efusiva, porque a gente não está nesse momento, é um desfile político. Todos os looks são brancos, mas não remetem ao branco da paz, é um branco da guerra e uma resposta ao atual governo que vai contra pessoas negras, gordas e LGBTQIA+. Não podemos mais aceitar medidas que vão contra essas pessoas e uma violência gratuita. A minha maneira de refletir sobre isso é na moda”.  Reverenciando Oxalá, seu desfile contagiou a platéia que vibrava a cada entrada dxs modelxs na passarela decorada com folhas de arruda e sal grosso. “O uso das roupas brancas também é uma maneira de apontar a perseguição às religiões afro-brasileiras. As pessoas que não conhecem e tem preconceito vão perceber que a religião exalta a natureza”.

Nascido em Barreiras no sertão da Bahia, o estilista desejou “fazer roupas” desde criança, inspirado por sua vizinha costureira. Há dez anos mora em São Paulo onde tem uma loja-ateliê no centro da cidade. Isaac Silva debate o preconceito racial através das suas roupas que são um manifesto às referências afro-brasileiras, indígenas e aos orixás.

Hoje, aos 30 anos, já participou das edições de 2016, 2017, 2018 e 2019 na Casa dos Criadores (evento que lança novos estilistas em São Paulo), sendo muito bem recebido pelo público e alguns famosxs engajadxs tipo, Liniker, Djamila Ribeiro, Camila Pitanga, Taís Araújo, Elza Soares… etc…sua moda tem uma energia inclusiva, afirmativa. Acredita em um mundo mais colaborativo, possui naturalmente um alto-astral, empatia e carinho que contagiam à primeira vista. Sua marca (que é o seu próprio nome), foi criada há cinco anos e defende a representatividade dos negros na moda.

Sobre Elza Soares, diz: “vestir a Elza Soares, pra mim, foi como receber o convite para a Fashion Week. Ela é um exemplo pra gente, uma lenda viva, e com minha arte, poder vesti-la foi como um encontro de almas. Foi quando eu percebi que o meu trabalho estava dando certo.”

 

“Todos podem usar suas peças, suas conchas, seus búzios e seu axé”.

Moda com propósito, justa, colaborativa, consciente, é o que faz Isaac Silva, um dos nomes que deve ajudar o futuro transformador da “nova moda”.

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Glenda Balbino Ferreira é pianista, publicitária, curso de moda incompleto, empresária dona da camisetaria VISHI e mãe de Theo Charbel, 55 anos.

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