eu não quero saber se você comentou na foto de alguém ou se confirmou presença em um evento no facebook, se foi marcado no instagram na última noite, se começou uma nova amizade, trocou likes, compartilhou uma música ou está online, não, não, não, eu não quero saber, eu não quero ver aquela bolinha verde nos favoritos do meu bate-papo, eu não quero pensar o que você faz de madrugada na internet, por que não saiu com seus amigos, se está triste ou feliz, se pensa em mim ou não, eu não quero saber nada disso, por favor algoritmos, me deixem em paz, vocês já deviam ser mais inteligentes, e perceber que o que reina agora é silêncio, não tem mais selfies no inbox, não tem mais links de músicas novas para indicar, não tem mais nada que arranque o riso inesperado em mais uma tarde maçante de trabalho, chega de snaps na madrugada, de transmissões ao vivo, de mensagens no whatsapp de um poeta embriagado, algoritmos esqueçam dessas trocas virtuais, por que eu tô tentando sair desse mundo líquido, eu não quero saber das curtidas em páginas, daquela playlist no spotfy, eu não preciso saber, eu não quero saber, é difícil esquecer e vocês não tão ajudando me mostrando essas lembranças do passado, algoritmos parem de me mostrar o que fazia sentido antes, não faz mais, a vida muda muito rápido e vocês deviam saber, tantos cliques diferentes, mas todos os malditos algoritmos me levam a você.

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Marianna Marimon, 30, escritora antes de ser jornalista, arrisco palavras, poemas, sentidos, busco histórias que não me pertencem para escrever aquilo que me toca, sem acreditar em deuses, persigo a utopia de amar acima de todas as dores. Formada em jornalismo (UFMT) e pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura (USP).

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