“A desinformação e as fake news representam a maior ameaça às democracias no mundo. Elas são a ferramenta favorita dos ditadores, fascistas e políticos corruptos. Nossa democracia tem apenas 31 anos — o maior período de liberdade que já tivemos. Mas se perdermos esta luta, nosso futuro será incerto.”

(Laura, Diego, Nana, Flora e toda a equipe da Avaaz no Brasil.)

Desde a invasão portuguesa em 1500, passando pela monarquia, velha república, estado novo, golpe militar em 1964, atos institucionais que tiravam o poder civil e reduziam a liberdade de ser e estar no mundo, a retomada da democracia, eleições diretas, a nova república, constituição de 1988 feita por deputados constituintes eleitos, e… a eleição de Bolsonaro, nunca se viu tanta desinformação, ou, pior, informação manipulada, distorcida, adaptada a interesses para se chegar ao poder.

Apesar de todo aparato tecnológico que quebra as distâncias geográficas nos aproximando enquanto seres viventes, de desejos e necessidades diferentes, capazes ou não de distribuir afetos, capazes de trocar experiências enriquecedoras, ou seja, esse mesmo aparato também coloca o ser humano em outros estados de atenção e também, claro, de distrações produzidas e reproduzidas em escala viral com as informações falsas que distorcem e moldam outras realidades e, ou, fatos, sugerindo a supressão da verdade em prol de adaptações das notícias ao seu modus operandi.

É tudo mentira, dizia-se, já nos anos 90!

Imagem de Jacob Baker por Pixabay

É tudo fake! Gritamos agora!

Pessoas de mais idade tornaram-se vítimas, público alvo dessas estratégias, a disseminar desinformações pois são as maiores vítimas do medo, acreditam na máxima, se publicou é verdade, poder conferido por uma intensa vivência na crença de que tudo que era publicado na imprensa era verdade. Lembro muito bem desse sentimento do poder que a imprensa escrita falada televisionada tinha sobre as pessoas. o que não quer dizer que a imprensa era livre, muito pelo contrário, sempre existiram formas de poder, econômico, cultural, mas principalmente político, é só obervar a fartura que rolou na distribuição desigual de veículos de comunicação para políticos do Congresso Nacional como moeda de troca e projetos de poder nas mais diversas regiões do Brasil.

Hoje a velocidade da desinformação se sobrepõe pelos poderes da Inteligência Artificial, programada sob a égide dos famigerados algoritmos, palavra termo que todo mundo fala, mas ninguém sabe direito o que é e como é operado. Mas opera com seus dados e você normalmente opta pela quebra de privacidade ao aceitar contratos que não lê. Acredite! Você normalmente autoriza o uso de seus dados, por mais que as políticas de privacidade venham sendo cobradas como obrigação das plataformas em restringirem o seu uso você é alvo do mercado e do marketing político. Mas, nosso assunto aqui é Fake News, a forma como é produzida e distribuída e que, com a robótica, de como é possível disparar notícias falsas em tempo velocíssimo, inimaginável dentro de nossos padrões humanos de execução de tarefas por minuto por segundo por nano time.

Imagem de Colin Behrens por Pixabay

As tecnologias se desenvolvem rapidamente e são muito mais velozes que nossa capacidade de processar. Mega processadores alimentam a fome das inteligências artificiais. Parece um monstro com suas mandíbulas e bocarra abertas horrenda a assustar os pequenos cérebros. Você tem medo de ratos? Você tem medo de gatos? Você tem medo de quê?

Em maio de 2020, um perfil no Twitter denominado Sleeping Giants (“Gigantes Adormecidos”) surgiu e desferiu um duro golpe contra a indústria da desinformação.Passou a cobrar publicamente a responsabilidade de empresas anunciantes no combate às chamadas “fake news”, pressionando para que não financiassem através de publicidade canais de circulação desses conteúdos.

A indústria da desinformação depende de modelo de negócio das plataformas digitais que agenciam a relação entre editores de conteúdo e anunciantes por meio de ferramentas como, por exemplo, o Google AdSense, a qual era usada pela página desinformativa. Assim, o meio mais eficaz de impedir que tais veículos propaguem notícias falsas causando enormes prejuízos à democracia é alertando os seus anunciantes sobre a desinformação causada pelos veículos onde anunciam.

Imagem de memyselfaneye por Pixabay

Foi assim que o guru da extrema direita brasileira e do presidente miliciano Jair Bolsonaro & família, Olavo de Carvalho, perdeu mais de 250 financiadores de suas páginas infames e disseminadoras de fake News, negação da ciência e outros absurdos mais. Ele é o principal alvo da nova etapa de campanha do Sleeping Giants. O grupo já conseguiu levar mais de 250 companhias a desassociarem suas marcas de conteúdos produzidos por Olavo.

A mentira da cauda longa parece um substitutivo integral de nossas vidas, antes e pós fake news. Somos sombreiros assombrados pairando nas sombras. As sombras cavernosas platônicas a redimensionar a luz. Re-direções das percepções. Para onde vai o conhecimento, a cultura, o pensamento, a ciência e toda a potência humana capaz de vislumbrar as mais belas utopias?

 

 

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