Com Assessoria*

A Escola Estadual Estêvão de Mendonça, situada na cidade de Guiratinga (a 310 km da capital), vem desenvolvendo um importante trabalho pedagógico e social. Na semana passada (de 27 a 31 de maio), a escola se mobilizou para a Semana para Defesa da Educação Inclusiva de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (Lei 10.808) com diversas ações que trouxeram reflexões profundas acerca dos desafios das pessoas com deficiência.

As ações se iniciaram algumas semanas antes, quando, sala por sala, os alunos assistiram ao curta metragem espanhol Cuerdas, dirigido por Pedro Solís Garcia. Após a exibição do curta, que conta a história de uma menina que, em um orfanato, torna-se amiga de um garoto com paralisia cerebral, os estudantes fizeram, sob supervisão da professora Roseclér Avelino e da secretária escolar Orliane Matos, uma roda de conversa sobre o assunto. Ainda na oportunidade, os estudantes foram apresentados à trajetória da compositora Fanny Crosby, deficiente visual. Sobre a experiência, a professora Roseclér relata: “Foi interessante ver como os alunos se emocionaram com o filme Cordas. Os olhos marejaram e vimos que de fato alcançamos a sensibilização para o assunto por meio dos relatos na roda de conversa”.

Na Semana da Inclusão, a escola trouxe para serem entrevistadas, diversas pessoas da comunidade de Guiratinga, que possuem algum tipo de necessidade especial. Entre elas, o atleta paraolímpico Allender Anjos, sete vezes vencedor da Corrida de Reis, que contou sua trajetória desde a infância, com paralisia em uma das pernas, a extração de um dos olhos na adolescência e a luta contra um câncer de mediastino.

João Antônio, que tem Atrofia Muscular Congênita, sendo entrevistado pelos alunos

O atual secretário de exportes da cidade, Laudelino Pereira Filho, deficiente físico em decorrência de paralisia infantil, também foi entrevistado e contou dos preconceitos e percalços passados durante a vida e de como chegou à Secretaria de Esportes. Para o “Loda”, como é chamado por todos “a ação foi muito proveitosa, me senti valorizado e muito bem recebido pelos alunos!”. Na oportunidade, a ex-aluna do colégio, Sandra Neves, deficiente visual, também contou sua história, suas experiências na escola inclusiva, sua alfabetização, além de demonstrar, junto à professora da Sala de Recursos Multifuncionais, Giselle Tavares, os diversos instrumentos para facilitar a vida e a escolarização de pessoas cegas. Importante e conhecida figura no município de Guiratinga, que acabou de realizar uma campanha social em busca de uma nova cadeira de rodas, o também ex-aluno João Antônio, conversou com os meninos sobre os desafios da Atrofia Muscular Congênita.

Sobre o assunto, a aluna Layse Gomes, do sétimo ano, relata: “Foi muito bom ter a oportunidade de saber sobre a vida dessas pessoas, tão conhecidas na nossa cidade, e de podermos fazer algumas perguntas que sempre quisemos. A gente ficou muito tocado com as histórias, deu pra pensar um pouquinho em como deve ser difícil não ter acessibilidade, nem recursos…”

Judô para deficientes visuais

Outra atividade realizada pela escola foram os Jogos Paraolímpicos, organizados pela professora Patrícia Alves em parceria com Messias Cunha. Os alunos simularam algumas modalidades dos jogos, como Boliche, Vôlei Sentado, Gol Ball, Judô para deficientes visuais. Durante as atividades do dia, alguns alunos permaneceram vendados e alguns guiando-os durante todo o evento. Durante a semana, os alunos tiveram aulas de como guiar pessoas com deficiência visual e o que se deve ou não fazer nesses casos. Segundo a professora Patrícia “Foi interessante observar a importância da confiança nesse processo. Os alunos, ao serem vendados, ficavam realmente inseguros e só queriam ser guiados por pessoas que consideravam amigas e responsáveis.”

Para a diretora da unidade, Isabela Câmara Bonilha, as atividades dessa semana foram muito importantes não só no sentido pedagógico, mas social: “No Brasil da luta pelo armamento e das perdas de direitos das minorias sociais, a escola tem a obrigação de ensinar os alunos a serem empáticos, a se colocarem no lugar do outro, isso é ser gente de verdade”.

A mãe do aluno José Pedro Nascimento, que frequenta a Sala de Recursos Multifuncionais, Simone Nascimento, declara: “Foi emocionante poder ver meu filho tão seguro e integrado. As crianças se sentiram supervalorizadas!”.

O evento também contou com a participação dos alunos da APAE Guiratinga e da escola municipal Tenente Daniel Aluísio Nazário.

Deixe um comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here