Por Rodrigo Brito*

Um festival que vem ganhando forças a cada ano em Rondonópolis é o Cerrado Fuzz. Organizado por Fernando Rodrigues e Ricardo Amorim, a cena rock parece viver um novo e bom momento na cidade. Sou testemunha do empenho e dedicação que os dois fazem para que o evento aconteça, por isso os procurei para uma entrevista. O bate-papo sobre o festival foi com Fernando Rodrigues.

Como surgiu a ideia de organizar um festival de rock?

O mesmo anseio que levam as pessoas a tomarem decisões importantes; o desafio, a vontade de criar algo. Especificamente no caso do festival a ideia é contribuir para construir uma cena alternativa bem fundamentada em que músicos e público possam colher os frutos das ações do festival.

Como você avalia a cena Rock`n`roll em Rondonópolis hoje?

Continua sofrida do mesmo jeito. Algumas bandas até conseguem alguma projeção, mas tocam pouco e fazendo cover. Não há demérito nisso, que fique bem claro. São ótimas bandas e com boas propostas! No Cerrado sempre houve cover, mas precisamos tentar construir um público que tenha o hábito de ouvir um trabalho autoral, que observe o novo e neste ponto faltam mais festivais ou eventos. Em ambos os casos tem faltado público. Mas não coloco a culpa exclusivamente no público. Produtores, empresários, músicos, poder público também precisam de criticidade e têm que tentar alcançar um público. A nossa caminhada é de construção.

Como é a relação de vocês com os músicos locais?

Acredito que boa. Somos profissionais e cumprimos o que acordamos e não exploramos ninguém. Lógico, não sei o que todos músicos da cidade pensam do nosso trabalho e é óbvio que temos algumas predileções e que isso pode influenciar no momento de criarmos uma line, é natural. É natural com qualquer produtor e isso pode aparentar alguma “panelinha” para quem olha de fora, mas tentamos ser democráticos e coerentes. Contudo, a medida que o festival vai se consolidando as pessoas vão criando concepções sobre o evento e isso não está em nosso domínio.

Vocês participam de outros eventos ou manifestações artísticas na cidade?

Sim. Lógico não sou, e aí falo por mim, o cara que você vê em todos os rolês e na rua o tempo todo até mesmo porque eu acredito que uma cena rock and roll não pode ser construída em torno de um percentual muito pequeno. Tem que haver rotatividade. Por isso, eu falei na pergunta anterior de construção e criação de público. Mas sempre que posso eu participo e prestigio.

Como foi a sua primeira experiência como idealizador de um festival?

Minha primeira experiência nem foi com o Cerrado Fuzz. Foi no Undermosh Festival, um evento que foi idealizado pelo Vicente Maranhão, um grande produtor de música alternativa do Estado, no ano de 2014. Tive uma ideia, unimos forças e realizamos. Foi gratificante. Peguei gosto e descobri que é possível acreditar em algo novo.

Cerrado Fuzz Festival está ganhando maior visibilidade a cada ano?

Com os empresários e músicos da cidade eu acredito que sim. Com o público acredito que a luta continua. Como eu disse, a luta é de construção e uma parte do público ainda nos olha desconfiado. rsrsrs. Mas, enfim a luta continua. Eu realmente penso que o que fazemos pode ser algo bom para todos.

O evento atrai pessoas de outras cidades de Mato Grosso?

Sim! Isso sempre aconteceu desde o primeiro evento. Tem gente que vem de Primavera do Leste, Cuiabá, gente que vem de fora que nunca perdeu um Cerrado. Isso prova que nossa ideia não é ruim. Pessoas que já conheciam as bandas que iríamos trazer ou mesmo que conheceram durante a divulgação e que caem na estrada para vê-las. Isso é gratificante.

O que o público pode esperar sobre a quarta edição de Cerrado Fuzz Festival?

Algumas boas surpresas! O resultado da visibilidade e da credibilidade que o evento vem ganhando está nos permitindo dar passos interessantes.

Muito obrigado!

Rodrigo Brito é mestre em Estudos de Linguagem e autor de Solstício ao Luar (2013) 
e VISÕES (2015). www.twitter.com/rodrigoffbrito

Comentário

Deixe um comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here