Adir Sodré - Foto por Luiz Marchetti

Por Luiz Marchetti

A foto de você com seu passaporte, uma identidade.

Por que você me pediu para ir até sua casa e me esperou numa pose, numa cena pronta para a câmera?

Passa o porte de vetor.

Os livros que você me mostra, uma montanha de escritos e discos espalhados na cama, ao som de toda a reclama ação, do nada e do pouco que nos dão, que não nos devolvem e o quanto isso aqui poderia ser um pouquinho melhor.
Não custa muito pra melhorar esse Mato Grosso. Imagina escola de arte.
Imagina escola com museu aberto para crianças de arte. Material gratuito, você não acredita, mas a gente já teve isso aqui. Você fala e eu finjo que não acredito.
Imagina.

Quero te agradecer por me apresentar mais credibilidade no aleatório e no improvável. Na falta de ensaio. Acreditar no acaso.

A obra “Roberta Close” (1986) de Adir Sodré

Foi por acaso que minha mãe te apresentou pra nossa casa tão cedo, seus rostos inclinados nas paredes, olhos e re-pensamentos. Mamãe colocou seus quadros na varanda pros amigos comprarem, um menino de uniforme que pintava e levava quadros para ela vender. Quando voltei a morar em Cuiabá eu te chamei pra morar comigo. Nós na vila da rua 12 de outubro, nós da vila, a loucura abrandada pelo ar condicionado e a musica alta das madrugadas. Foram tantas situações, setembro freire num corredor do Palácio da Instrução, a ultima obra juntos, você e seu irmão.

Adir Sodré – Foto Luiz Marchetti

Hoje olho sua obra aqui, meu filme ainda não lançado, AUSÊNCIA, tem seu cartaz pronto, esperando olhares, para ver a falta. Para lidar com a partida. O inventor vetor de uma região seca. Que sua luz seja pincelada rápida num mundo melhor ainda, de performance inesquecível, que seu raio rompa tela céu, e seu brilho consiga iluminar todos nós, como anjinhos de pintos, tetas e xotas voadoras, em flores, tintas e musicas escolhidas a Dedo de Didi Dedé – que saudaaaaades vizinho.

Cartaz do filme AUSÊNCIA de Luiz Marchetti

Luiz Marchetti é cineasta cuiabano #centroaudiovisualluizmarchetti

Comentário

  1. Ausência Presente!
    Eu que não convivi com Adir, sinto a força que ele e Sodrezinho transmitem ainda nessa Cuiyabá.
    O seu filme Ausência deve tocar a alma. Irei procurá-lo … espero que já esteja disponível!
    Um grande abraço… e que ausência que sente possa preencher o vazio de muitos corações amigos!

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