Recupero um fragmento de um texto que escrevi em 5 de junho de 2017 para constatar o óbvio: tudo piorou de lá para cá. Desmatamento desmedido, incêndios na Amazônia, no Pantanal, no cerrado mato-grossense. Os rios secando. É tudo muito assustador, pois a volúpia consumista impede o ser humano de constatar o óbvio: o planeta Terra está morrendo, agonizando, parece mais a visão do inferno cantada em prosa e verso ao longo da história humana.

Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente e uma pergunta não quer se calar: há o que comemorar? Para um grupo de Mc’s mato-grossenses, as gerações mais jovens possuem uma visão mais inteligente e muito menos predatória em relação ao meio ambiente. No dia 5 de junho de 1972, ocorria em Estocolmo a primeira conferência da ONU sobre meio ambiente. Desde então, a data passou a ser celebrada como o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Como uma espécie de alerta verde (ou alerta vermelho!) face aos riscos iminentes que o planeta vem experimentando, algumas vozes da mais pura resistência poética e política vêm cantando em versos contundentes e ritmos fortes a situação ambígua que ocorre em Mato Grosso, de um lado puxam o coro dos exploradores da terra, dizem em alto e bom som que aqui se produz riqueza, e do outro lado, os meninos gritam que estão envenenando nossas nascentes e destruindo os restos de floresta (a flor que resta). Como parte dessa manifestação contrária, um grupo de rappers, capitaneados por MC Ahgave, lança hoje uma música que expõe as fraturas desse sistema do agronegócio que acima de qualquer coisa visa o lucro, puro e simples: Agrocypher é o titulo da track que chega à cena musical de Mato Grosso denunciando os desmatamentos do cerrado e da Amazônia feitos de maneira desmedida para ampliação das lavouras em Mato Grosso. (2017, junho)

Outubro de 2021. Agora é agrocypher 2.

A pergunta entalada na garganta: o que mudou?

Alguns responderão que piorou, outros que o mundo pirou, os humanos perderam a medida do que possa ser conservado, ou sustentado. Os excessos continuam como se o planeta tivesse recursos naturais ilimitados, estamos marchando velozmente para o abismo da extinção.

Outros dirão que isso é exagero, não é bem assim, têm interesses globalistas por trás disso, é o comunismo querendo socializar as relações econômicas e abocanhar grandes arrecadações para financiar o marxismo cultural, invencionices da ciência que nunca prova nada, isso é parte do  processo natural de evolução paleontológica, incendiológica, arqueológica de jogo da velha, por aí vão criando argumentos fantasiosos.

A pauta ambiental é a mais imprescindível no campo das lutas políticas. Nada é mais importante, pois está em jogo a preservação da espécie humana e de toda a cadeia frágil que propicia a vida no planeta. O desmatamento da Amazônia é a pior de todas as notícias, diante do que, devemos encarar de frente, radicalizar na sua defesa. Os eventos extremos já deram início à escalada mais arriscada de toda a história da Terra. Ares apocalípticos varrem todo o planeta para inevitável cenário de morte. Evitável ainda, dizem os especialistas, ainda temos um tempo ínfimo de esperança de reverter tal processo de deterioração da vida em todas as escalas. Isto não é fantasia. Os rios secam como artérias que ainda pulsam, mas a gula humana é fatal, consuma consuma consuma sua própria possibilidade de sobreviver. O argumento é sempre o mesmo, crescimento econômico, mas não existe economia que se sustente sem equilíbrio dos fenômenos naturais. A ação humana é arriscada e me parece frágil diante dos argumentos dos acumuladores de riqueza.

Parece tudo óbvio né? Mas não devemos desprezar nossas percepções. Essa percepção passa pela cabeça de muita gente, a sensação de emergência. A soma das informações confiáveis de estudos severos e realistas dão um tom de fim de festa. A sensação é muito forte. A coisa não é brinquedo, a coisa é devastadora e de meus passos busco reduzir a velocidade, busco diminuir a sensação de falta. Mas, falta o quê para você?

Da minha janela vejo o fluxo. Sinto apreensão. Que merda!

É preciso ver o óbvio. O óbvio é a clareza ou a iluminação. A capacidade de ver o óbvio é a possibilidade de entender as coisas. Simples, como elas são.

Ahgave, Pacha Ana e Dj Taba dão sequência ao Agrocypher, agora é o 2 e o estado é de emergência. Assista o clipe pelo link abaixo.

 

 

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