Muitas pessoas pensam que o índigo é um jeans, ou um corante sintético na cor índigo, mas na verdade o índigo é uma planta.

O coletivo de artesãos (agricultores e tintureiros) Buaisou é administrado por seis pessoas e foi criado em 2015 por Kakuo Kaji, no Japão, com o objetivo de preservar a arte ancestral desse trabalho artesanal conhecido como “aizomê” (técnica de tingimento da planta índigo), um trabalho de muito amor transmitido de geração em geração.

Diz Kakuo Kaji: “mudei-me de Aomori para Tóquio para estudar design têxtil na Universidade de Zokei, foi quando me interessei pelo tingimento de índigo. Eu me apaixonei pelo processo e pela paciência que ele requer, porque é uma forma de arte, e é único em comparação com outras formas de tingimento de plantas.”

Kakuo Kaji é o diretor do coletivo que tem atraído o interesse de pessoas de todo o mundo. Seu trabalho tem um profundo respeito ao processo e à cultura do índigo no Japão, preservando-a, antes que se perdesse para sempre.

Diz: “da semeadura ao acabamento da compostagem de folhas de índigo para fazer o corante (sukumo), levará mais de um ano. E então temos que secar nosso corante índigo, o que levará cerca de meio ano.” Essa folha (índigo) do Japão parece um pouco com a folha do manjericão.

O excelente trabalho manual/artesanal do Buaisou incorpora totalmente a tradição histórica/secular do corante, que remonta ao período Edo da história do Japâo (1603-1868), onde, as frequentes inundações do rio Yoshinogawa, no município de Tokushima, tornavam as terras extremamente férteis para o cultivo das folhas de índigo. Naquela época existia uma indústria próspera com mais de 1800 fazendas cultivando as folhas, e atualmente esse número diminuiu drasticamente para apenas 6 fazendas “índigo”. Nesse período (Edo), os samurais usavam os tecidos tingidos pelo índigo japonês por baixo da armadura por causa das suas propriedades antibacterianas, além de repelir o mau cheiro e serem resistentes ao fogo. Incrível né?

Atualmente, a maioria das indústrias “fast fashion” que afirmam usar corante índigo estão realmente usando material sintético, porque são muito mais baratos e lamentavelmente oferecem um produto de baixa qualidade, com um tingimento que só atinge a superfície do fio, passando por cima da sustentabilidade que nem um trator derrubando árvores, sem ética, só visando o próprio lucro. Já era, já deu!

Se você quiser aprender o autêntico tratamento de tingimento com “os artesãos do corante índigo” deve ir até eles e participar de suas oficinas que estão sendo ministradas pelos próprios para artistas, professores, designers, estudantes do mundo todo, inclusive celebridades como Kanye West e marcas como New Balance e Tory Burch. Nas oficinas eles permitem aos participantes criarem/usarem o corante apenas com folhas de índigo, farelo de trigo, lixívia e casca de limão, com técnicas que resultam num pigmento natural podendo serem usadas/aplicadas em roupas, sapatos, brinquedos, obras de arte…

Como o sukumo pode ser tingido no núcleo do tecido, o jeans tingido por eles tem uma cor diferente do jeans normal.

O coletivo Buaisou, atualmente, tem um ótimo site onde vendem seus produtos: buaisou-i.com

“Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda criação autêntica é um dom para o futuro.” Albert Camus.

Compartilhe!
Glenda Balbino Ferreira é pianista, publicitária, curso de moda incompleto, empresária dona da camisetaria VISHI e mãe de Theo Charbel, 55 anos.

Deixe um comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here