just a cloud day

As imagens em preto e branco contam tantas histórias que em silêncio é possível ouvir a música escondida entre os detalhes que ninguém vê.

As imagens em preto e branco marcam o papel com poesia, para se desvencilhar do tempo e do espaço, só para estar aqui, em um momento suspenso.

20160119_165509As imagens em preto e branco que se revelam aos olhos atentos, uma janela entreaberta, seu coração exposto, a rotina do homem que empunha o martelo, as formas geométricas dos pormenores, sorrisos quebrados com suas bocas borradas de batom vermelho.

Os segredos guardados em seus cabelos, como uma fotografia emoldurada, desvendar o que o vento carrega. A luz muda, os anos foram capturados, envoltos em neblina, na surpresa do que seriam, preto, branco, cinza, aquele cigarro aceso, seu olhar sóbrio, mãos que se entrelaçam.

Algo ficou em meio a tantas mudanças, algo ficou, é preciso que tenha ficado.

Aos olhares desapercebidos, as fotos podem revelar muito, mas aos atentos existe algo maior, aquilo que não se revela, que não se abre aos que só enxergam a superfície. É preciso ir além, é preciso mergulhar.

Sua boca seca emudecida. O tempo não retorna. Seus olhos passam rápidos pelas fotos na parede branca, o tempo que voou pelo mundo está registrado em carimbo na parte de trás. A linha do tempo, da história que é contada em palavras, escritas nas paredes para dar a concretude necessária. Só somos realidade quando viramos letras em nossa tela de liquidez.

Sem guarda-chuva, é fina a garoa que molha meu caminho.

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Marianna Marimon, 30, escritora antes de ser jornalista, arrisco palavras, poemas, sentidos, busco histórias que não me pertencem para escrever aquilo que me toca, sem acreditar em deuses, persigo a utopia de amar acima de todas as dores. Formada em jornalismo (UFMT) e pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura (USP).

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