Pesquisas de campo aprofundadas e uma dedicação extrema à teatralidade corporal garantem a sinergia entre a plateia e o Comadança. Depois das apresentações em Barra do Bugres e Cáceres, é a vez do grupo dedicado à dança contemporânea conquistar o público de Alta Floresta.

Neste fim de semana eles encenam dois espetáculos e realizam uma oficina no município. O primeiro deles, ocorre na sexta-feira (15), às 20 horas, na Praça da Cultura. Trata-se de Symbolon. Movimentos de corpo e expressões faciais dos bailarinos remetem ao comportamento dos tuiuiús e atraem olhares firmes e atentos à expressão que vai se delineando pela presença cênica dos atores Vinicius dos Santos e Alexandre Cruz.

Tuiuiús, por Protásio de Morais
Tuiuiús, por Protásio de Morais

Fruto de intensa pesquisa do habitat destes pássaros, Symbolon exalta a iconografia mato-grossense, com sua fauna e sonoridade expressados por uma trilha sonora marcada pela pluralidade: tem rasqueado, siriri, música erudita e eletrônica. Cada uma das músicas escolhidas, ritma os movimentos que vão da leveza à agitação dos tuiuiús.

É uma verdadeira imersão na natureza em que o corpo se confunde a ela e os movimentos corporais a representam de modo orgânico. De acordo com o diretor da companhia, Clodoaldo Arruda, o espetáculo apresentado em espaço aberto, se apropria de várias linguagens artísticas, tais quais a dança, teatro, intervenção urbana e land art.

“São recursos para exalar reflexões e possíveis questionamentos sobre quais são as importâncias diante de uma aceleração progressiva, mas com demandas ainda gritantes”, explica, sobre as questões relativas à consciência ambiental também levantadas na obra.

Seguindo a programação, no sábado (16), o grupo migra para o Espaço Cultural do Teatro Experimental de Alta Floresta (Teaf), onde encena Tenho Flores nos Pés, às 20 horas. A classificação indicativa é de 18 anos e os ingressos são limitados.

Neste, a dramaturgia é explorada ao máximo. De uma aldeia imaginária partem dois seres que precisam deixar o território de proteção para explorar novos espaços. O cenário composto de tecidos sobrepostos, ora iluminados para receber a sombra dos bailarinos e seus movimentos, ora utilizado para refletir imagens de várias “aldeias” representadas por fotografias, idealizam uma demarcação histórica entre o real e o imaginário.

Também no sábado e no Espaço Teaf, mais cedo, às 8 horas, o grupo ministra a oficina “Corpo Presente”, em que exercitam dinâmicas corporais e diferentes técnicas de dança e do teatro.

Vale ressaltar, o projeto foi contemplado pelo edital da Secretaria de Estado de Cultura, Circula MT e sendo assim, todas as ações são gratuitas.

De acordo com o bailarino Vinícius dos Santos, a aprovação do projeto de circulação proporciona a expansão do trabalho e das pesquisas que o grupo idealiza no campo da dança contemporânea. “Não queremos apenas apresentar um produtor artístico, mas despertar algo no público, efervescer o lugar onde estamos. Foi o interesse pelo corpo e sua interação com a natureza que foram determinantes na escolha das cidades que programamos circulação”, conta.

Em Alta Floresta, o grupo que conta ainda com a produção de Watila Fernando, encerra o ciclo de apresentações previstas pelo projeto contemplado pelo Circula MT.

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