Por Gabriel Lucas

O conceito do podcast deve ter nascido logo depois que alguém descobriu como enviar som pela internet. “Imagina ouvir seu programa de rádio preferido, na hora que quiser, sem propagandas”, pensou alguém.

A medida que as tecnologias iam evoluindo, a ideia de um programa de rádio online por demanda ganhou força. Primeiro, você baixava o arquivo de programa de rádio que queria ouvir, depois alguns aplicativos começaram a distribuir os podcasts e baixar os episódios automaticamente. E cá estamos nós, onde para muitos o podcast substituiu o hábito de ouvir rádio.

Esse é o caso deste que vos escreve, sempre gostei de ouvir gente conversando pelo rádio, geralmente quando estava ao volante. Minha relação com os podcasts começou quando eu baixava na internet as apresentações de DJs, muitas das melhores eram as apresentações no Essential Mix da estação estatal britânica BBC One. Há uns quinze anos.

A evolução do rádio

Nesse ínterim ouvi um podcast ou outro, mas fui arrebatado quando o Spotify integrou e melhorou sua interface para ouvir os programas. Virou um hábito, me sentia o Neo da série cinematográfica Matrix, enquanto ele fazia download de perícia em kung fu durante uma luta, eu buscava um episódio sobre um assunto em que queria saber mais para ouvir no caminho para o trabalho.

O deslumbre virou hábito e hoje, além de assinar um zilhão de podcasts (não conseguir escutar a maioria), eu também produzo e apresento um meu próprio, chamado Ato, que tenta correlacionar temas culturais, de entretenimento com política e economia.

Já fica o convite para uma audição inclusive. E diante desse oceano sonoro, resolvi arrolar alguns programas que costumo acompanhar a pedido do Cidadão Cultura:

A notícia do dia

Salvo engano, o modelo ficou famoso com o do New York Times, mas hoje, quase todo veículo de imprensa aposta no formato onde uma grande notícia do dia é destrinchada e contextualizada. O horário de publicação varia e muitas vezes todos falam sobre o mesmo assunto. Do que escuto nessa modalidade, costumo selecionar um destes quatro: Durma com essa, do Nexo; Café da manhã, da Folha de São Paulo; O Assunto, da Globo; ou o Estadão Notícias). Geralmente a minha escolha segue a ordem.

Rock de Tiozões

Talvez o mais recente podcast que entrou na minha lista de obrigações semanais é o Álvaro & Barcinski & Forasta & Paulão, onde os quatro jornalistas que batizam o programa falam sobre rock em sentido amplo (do jeito que eu gosto), sem pudor em enxovalhar ídolos, tocar sons obscuros e contar várias histórias de bastidor.

O episódio “Como perder ouvintes” é hilário.

O melhor do Brasil

Conheço o trabalho de Tomás Chiaverini desde um livro escrito por ele sobre raves no Brasil, mas arrisco a dizer que sua grande obra é a Rádio Escafandro, onde cada episódio é uma reportagem muito bem ilustrada por uma ótima edição.

Sempre indico “O papel secreto do alho-poró no som de cinema” e mais recentemente tem o “suco de São Paulo”.

Aula de música

O Camilo Rocha é uma pessoa de quem eu sou fã. Juntamente com Guilherme Falcão, ele apresenta e produz o Escuta, que trata de música. Um estilo, uma época ou até mesmo uma canção, cada episódio é uma aula, daquela em que você já procura em seguida às faixas citadas para ouvir mais.

Eles já falaram sobre Lincoln Olivetti, Júlio Barroso, Kraftwerk e muitos outros.

Um pouco do que é produzido por aqui

Lá em 2018, quando virou um hábito para mim, só me recordo de um programa feito em Cuiabá, o Agro Resenha, mas de lá para cá surgiram vários, inclusive até algumas produtores especializadas. Destaco o Papo à Vista, conduzido pelo meu amigo mega, Jules Ignácio.

Uma newsletter, só que em áudio

Bruno Natal já é um grande curador desde a época do blog URBe, o Resumido ele compila várias notícias e também discute muitos temas relacionados as nossas relações com a internet.

Uma discussão muito interessante que ele levantou: Quanto custa a internet?

Seguindo em frente durante a badtrip

O Medo e Delírio em Brasília é um podcast sobre política. Mas indico pela edição insanamente certeira e caótica.

Facilidades tecnológicas contribuem para disseminação de podcasts. Afinal, basta um celular, um microfone, e uma boa ideia para colocar em prática

Storytelling e desenvolvimento pessoal

Cris Dias é referência nacional em podcast. O seu Boa Noite Internet é um exemplo de como construir uma narrativa e aborda vários problemas do mundo moderno, principalmente em episódios que tenham ovo no título (como esse e esse).

Para resgatar o Brasil dele mesmo

O This is Brazil é um alívio para 2020, tomando por base áudios do whatsapp, comentam sobre brasilidade com muito bom humor.

Microfone nas ruas

O 37 graus é um programa de reportagens em campo, de microfone nas mãos (no período pré-pandemia). A última temporada trata de outra pandemia, do vírus zica, e a penúltima tem episódios de temas que variam de javaporcos aos vestígios arqueológicos da indústria de carvão da cidade do Rio de Janeiro.

Praticamente apenas um dos podcasts que indiquei é no formato mesa redonda. Tem entrevistas, reportagens sonoras, narrativas. Enfim, penso ser um convite para que todos possam explorar esse mundo, que apesar de saturado, ainda tem muito espaço para boas ideias.

Gabriel Lucas é flamengo e tem uma (Mariana) Tereza e uma Maria Luisa. As sextas apresenta o Sala de Rock na Rádio Assembleia e a qualquer dia produz o podcast Ato. De vez em quando escrevia no Factóide e para os Destemperados.

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