Por Paulo Siqueira*

A borboleta surgiu voando pelos ares e tive um lapso de memória como se estivesse voando com suas asas, estou aqui a bater asas, antes de mim não havia nada, depois só há mais nada, o que há agora são asas e flores, ares e dores, a chuva pode cair e me prender por aí, em alguma folha larga que possa me afogar com a água contida em si, sigo rotas após rotas que não são nada além de funções práticas do meu ser e posso ver que nenhum ser é diferente disso, mas há alguns que acreditam no poder de querer ser mais do que o próprio ser. São longos dias numa vida de inseto, minha vida parece uma eternidade perto da velocidade que é para todos vocês o instante dessa imagem de borboleta nos ares, se pudesse controlar a beleza da borboleta que está a se criar na mente de vocês eu poderia dizer que ela é perfeita uma borboleta prática supersensível. Momentos de alegria para uma borboleta é estranho, pois alegria de borboleta é ser borboleta, mas se pudesse descrever uma diferença de estados do meu existir, poderia dizer que há momentos em que há danos ao corpo da borboleta, as vezes nem tão fortes que façam ela não sobreviver, no entanto alteram consideravelmente a vida da borboleta, pois o efeito borboleta é real e qualquer ponto final tirado de um livro qualquer pode mudar toda a história do mundo, se der para mudar. Sem pontos finais, certos momentos tais de algum sofrimento deste contexto, após o abraço dado em uma árvore de ipê do cerrado, com asas voando livre inexorável, existência minha desenhada na eternidade do momento presente irrefutável, só se compreende quando veio ao consciente o casulo de onde surgiu as asas que me levaram rente ao sol existente. A borboleta que é consciente do seu casulo, sabe que seu casulo é tudo, mas ele não é palpável mais, ele só existe no seu mundo interno, mesmo que pequeno a infinitude da pequenez é gigantesca e, dentro de uma cabeça de borboleta, pude retirar esse entendimento que o infinito vai para dentro e para fora infinitamente e que, em algum lugar está meu consciente, deve ser próximo da minha mente, borboleta sente isso e de repente sabe que deveria voar mais para cima, lembrar-se-á do casulo com mais força, mas a temperatura do sol passará a queimar mais suas asas, no entanto, o seu casulo pode te servir de morada para que o calor não afete o amor com que você está a voar. Borboleta vive emanada encasulada, como que uma capsula que não se pode tocar, nem ver, nem ferir, muito menos se definir. Vive ali, sabe que ela é incompetente para ser borboleta mais do que a borboleta já é uma borboleta, pois se as asas batem e se o casulo não se invade, não há mais embate, a asa bate e o casulo é parte indivisível de si, se aproxima dali a borboleta cada vez mais e logo senti, que a vida breve já se prosseguiu e algo diferente começou a acontecer muito longe dali. Vida de borboleta para nós é muito breve, mas para algo nos serve.

*Me chamaram de José Paulo Siqueira de Souza quando nasci, é o nome dos meus dois 
falecidos avôs juntos em um só, me reconhecem, os que me leem, como Paulo Siqueira,
homenagem ao meu avô, que escrevia poesia e se mantinha como engenheiro florestal,
aqui no estado de MT seguiu as ladeiras. Também curso florestal, conhecimento que
será preciso para certas coisas que me inspiro, pois quero aliar arte à natureza, 
sinto certa inclinação-Thoreau neste sentido, a natureza ajuda a inspirar e lembrar 
que todos são ela, mesmo que tenham muitas vezes a ideia de estarem distantes dela. 
Desde cedo minha introspecção fez mais sentido do que quem eu sou, sendo que eu sou 
em realidade o que está por trás do pensamento, se a letra saiu é pelo motivo de 
que a abundância de pensamento me escorreu, então segue aqui minha intuição, minha 
filosofia é a união de nós todos em um só sentimento, que em mim repercute em 
palavras quando me deparo com lápis e papel, teclado e tela ou oportunidade na 
goela. Metáforas de uma coisa só, que vêm no ápice interno fé de Jó, a mensagem vem 
ao leo, mas de modo que retira os véus, sentimentos-fel. Uma ideia nunca é estática, 
é enfática se você perseguir qualquer compreensão, sendo que a atenção traz a 
verdadeira sapiência, como que viesse de outra frequência, sigo a minha vida com 
esse lema, só mantenho firme o foco enquanto o vento é o leme. Arte é o tema e amor 
é o que sustenta, já andei por várias cenas, faculdades que me mostraram a pena que 
as pessoas pagam por darem a sua vida por algo que as envenena, posse de toda essa 
matéria terrena que não se sustenta, com o foco extraterreno as palavras vêem 
pequenas, mas a repercussão é violenta na cabeça que recebe serena. Poeta que se 
sustenta nos próprios pensamentos, o trabalho é o sacrifício só para manter certos 
vícios, alimentos fictícios vários escreveram como eu já disse, nenhum problema 
nisso, independente do que entra pelo orifício, a felicidade é o único ofício, 
surge quando se planta amor todo momento sem se manter omisso, vale o que sai do 
peito, como disse o verdadeiro Cristo. É incrível como deturparam até isso. 
Além disso, me esqueci de dizer que nasci em Campo Grande, mas vim para Cuiabá 
com uns 3 anos, nasci em 1992, dia primeiro de junho, só estive fora por tempos 
curtos, esse cerrado é maluco, vive a me trazer para mergulhar no enxuto.

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