Como é bom ver Mato Grosso em plena efervescência cultural, a despeito dos crônicos problemas que afligem o meio, é contagiante ver que a rapaziada com disposição guerreira consegue criar um ambiente de animação que é muito rico e saudável para o lugar. Estou falando mais uma vez, e foram várias vezes que falei de Cáceres aqui no site, que está mostrando uma força e uma vibração que trás energia criativa para a cidade. A rapaziada do Movimento Figueira Cultural vem dando um show de força, criatividade e vontade de fazer as coisas acontecerem. Venho há muito batendo nessa tecla, nós podemos fazer a cidade que queremos para viver. A produção de ambientes que propiciem o convívio criativo e diversificado em uma cidade tem o poder de agregar fertilidade, sensibilidade, conhecimento, vivências em vários âmbitos, arte e felicidade como resistência e avanço, pensando, debatendo, encontrando harmonias, somando possibilidades de poder realmente fazer as coisas acontecerem.

sarauO Movimento Figueira manifesta claramente em sua carta de intenções sobre sua esfera de atuação, seu papel é o de “criar espaços para que a diversidade cultural seja ressaltada e que o direito à cultura seja garantido em vários espaços da cidade.” Quer dizer, reivindica a cidade para os cidadãos que criam seus próprios espaços para cantar, declamar, encenar, debater, gerar atividade econômica livre e autônoma, se mobilizar e celebrar a cidadania como uma prática de animação cultural e isso tem o poder de produzir novos agentes e fertilizadores de novas práticas.

Cáceres parece carregar uma vocação de resistência até mesmo pela sua condição de fronteira, e é bastante clara a influência provocada pela Universidade estadual (UNEMAT) na conjunção da produção de conhecimento com os movimentos culturais e em todos os movimentos que isso implica. Enfim, algo de novo nos ares da Princesinha do Pantanal. É um lugar privilegiado que carrega memórias de séculos e isso não passa impunemente. A cidade vem gerando criativos que a alimentam e também estão exportando talentos para outros portos como a capital, que por sinal já está se tornando um movimento de intercâmbio com a brodagem entre os artistas e os produtores culturais. É um movimento de mão dupla que está cada vez mais se fortalecendo e vemos isso se desenrolar de uma forma muito natural, sem burocracias nem muita lenga lenga.

rauniVários grupos novos fazem de Cáceres hoje uma cena criativa de qualidade e com força de movimentar a cultura local. Pelo que já vimos, do desempenho da banda O Mormaço Severino que vem arrebatando fãs por onde passam, da presença de figuras como o Rauni, a Janaína, o sarau que a galera do Movimento Figueira vem produzindo, festivais de rock, a figura do Henrique Maluf, aqui em Cuiabá, do André Coruja que passou por lá (o cara é um viajante) e agora está em Cuiabá, o Guapo que já tá rodado e tem um trabalho persistente e que se tornou muito mais significativo com o tempo, o grupo Chalana é outro exemplo. Enfim, é muita vitalidade.

Lembro também da figura genial, uma das melhores oratórias que conheci na vida, do Carlos Maldonado, que me impressionou muito anos atrás. Aquele rapaz, na época com 29 anos e já reitor, precoce e detentor de um discurso poderoso, uma inteligência rara. Faleceu muito novo esse rapaz. Cara, são muitas referências contemporâneas que comprovam a energia que anima o lugar. Ferve e (e)ferve(sce).

_dsc0963A Figueira mãe é o símbolo que concentra e guarda em suas asas de sombras novas utopias e sonhos de vida em comunidade.  Se tivermos capacidade de sonhar, há esperança. Vamos saltar o deserto do ódio e da violência, desapartar dessa ideia de poder e de exploração um sobre o outro. É bem melhor assim, meu caro, pode apostar.

Para fechar, viemos aqui anunciar mais um Sarau do Movimento das Figueiras. Está acontecendo esta semana e vai até dia 19 de novembro, a IV Semana de Direitos Humanos, em Cáceres-MT, com a finalidade de dar visibilidade e reforçar a Democracia, a Diversidade, os grupos ativos e os ativistas da cidade e da região. A Semana foi criada a partir da parceria do Centro de Referência de Direitos Humanos, GEPRER e Movimento Figueira Cultural.

_dsc0690Durante todos os dias o Figueira Cultural promove atividades como dança, poesia, teatro e música. Estão sendo realizadas oficinas também, de grafite, stileto, dança de rua, brincos étnico-raciais, tranças, teatro e yoga. Para o encerramento prometem celebrar em grande estilo com o evento Sarau do Diverso com apresentações de bandas, poetas, grupos de teatro, dança e quem mais queira se expressar.

10557188_982794268405203_2447633530720281383_nA galera trabalha com doações e colaborações dos envolvidos, crowdfunding informal, a nossa famosa vaquinha. O evento acontece no campus da Unemat, na avenida São João, snº, Cavalhada.

Crédito das fotos: Joe Bengala/ Vívea Fernanda/ Marco Túlio/ Daniel Moraes.

2 Comentários

    • as fotos foram enviadas pela organização do sarau e não vieram creditadas. já solicitei autoria(s) para creditar. se for a pessoa responsável podia me passar?

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