O computador desligou de repente. Um clarão rápido passou diante de meus olhos. Pensei que pudesse ser um clarão interno. O que está acontecendo? Caiu a luz, tudo silenciou de repente.

Ao voltar liguei novamente o computador. Deu erro de data e hora. Olhei fixamente no visor, marcava o ano de 2016. Como assim? Estamos em 2066!

Olhou em volta e percebeu que as coisas estavam diferentes. Um ar de passado deixou o ar pesado, os móveis não eram os mesmos, a casa sim, apesar das diferenças dos materiais.

Que coisa estranha!

Sai até a rua e ao ver os automóveis leva um susto.

Que carro é esse em minha garagem?

Um modelo antigo repousa sob a sombra da cobertura. Um sol pálido atravessa as folhas de uma árvore que parece ser uma Sete Copas. Estranhou, pois já não existem árvores nessa cidade há uns bons anos. Tudo calcinou com o avanço do calor global desde 2030. Algumas esculturas que imitavam árvores era o que restava. Monumentos ao verde que vigorou no passado.

Uma pessoa desce a rua com trejeitos engraçados, carrega uma sacola que parece de plástico. Sorri e caminha com os cabelos soltos ao vento.

Ela caminhando parece flutuar e me traz lembranças remotas, mexe com a memória. Corro para dentro. Procuro meu bio-HD de última geração, com mais capacidade de memória. Armazenei praticamente toda a minha vida nele.

Só vejo coisas antigas, cara, que mundo é esse? O que está acontecendo? Computador velho demais, como isso está funcionando?

Só então percebe que o computador era de 50 anos atrás, viu um igual em um museu de tecnologias passadas, dinossauros da pré Revolução de 2033, que alterou de forma radical o comportamento dos humanos. Máquinas inteligentes se alastraram feito praga. A realidade foi aumentada em muitas vezes.

Caramba! Acho que voltei no tempo.

A porta! Ouço alguém mexendo na porta.

Levanta-se da mesa da pequena biblioteca na casa silenciosa.

Minha mulher está viajando. Quem será?

A porta se abre. A respiração dele fica tensa. Respira rápido, animal instintivo. Abre as garras.

Uma voz feminina e melodiosa diz: Amor!

Quem será?

Ela surge no pequeno portal que separa a biblioteca da sala de jantar e de TV.

Isso aqui está diferente demais, não reconheço esses móveis!

Ela sorrindo.

Que mulher linda!

Ela se atira em seu colo e beija seus lábios que se estremecem.

Não entendo!

Um sentimento aconchegante de amor invade seu peito. Beija-a, com rara intimidade. Sim, ali era o melhor lugar do mundo. Nunca sentira isso antes (ou seria depois?).

Seus olhos voltam-se atraídos pela tela do computador. Um clarão repentino parece sair de sua cabeça. Ao virar os olhos para a lâmpada que pisca alucinadamente deu tempo ainda de emitir uma tentativa de conter o tempo ali, naquele instante raro. Não…!

Caiu a luz, tudo silenciou de repente.

 

 

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