A música contemporânea ganhou ares de importância inimaginável em Mato Grosso, principalmente no circuito acadêmico e em alguns grupos e pessoas que são apaixonados por música de vanguarda.

Segundo o compositor e maestro, Roberto Victorio, do curso de Licenciatura e Bacharelado em Música da Universidade Federal de Mato Grosso, criador da Bienal de Música Contemporânea de Mato Grosso, com Terezinha Prada, estamos com pelo menos duzentos anos de atraso de educação musical no Brasil. Ainda ensinamos e estamos programados para ouvir a música do século 18 e 19.

Em que pese a irreverência e ousadia do maestro R. Victorio, sua afirmação não é desprovida de verdade. Realmente prefere-se ouvir Beethoven, Bach, Mozart, Vivaldi e outros, em detrimento de Schoenberg, Pierre Boulez, StockhousenJohn Cage e muitos outros compositores que ousaram transpor os limites da música de concerto conservadora e experimentaram modos radicais e transgressores de criação.

repercurte 4Com o curso de Música na UFMT e influência de Roberto Victorio, Terezinha Prada, Zeca Lacerda e outros músicos/compositores, a música contemporânea, como é conhecida, ganhou impulso e importância na região revelando inúmeros talentos e novíssimos compositores com direito a premiações e reconhecimento em âmbito nacional e internacional.

Fundado em 2015 como atividade de ensino e parte do projeto de extensão, o Grupo [re]Percute UFMT vem atender uma demanda pelo aprendizado de percussão de câmara no estado do Mato Grosso. A interação, a dedicação, a entrega e o constante desenvolvimento são os motes do grupo. A atividade também visa a formação de plateia para música contemporânea na região.

Zeca Lacerda, professor responsável pela ação, é percussionista atuante na cena musical contemporânea de concerto. Zeca já atuou ao lado de compositores como Steve Reich, Christian Wolff, John L. Adams, George Lewis, Elliott Sharp, Jeff Herriott, Bob Becker, James Romig, Stuart Saunders Smith e outros. Atuou também com a Orquestra Sinfônica Brasileira e Orquestra Petrobras Sinfônica. Seu album solo When Still: New Music for Solo Vibraphone foi lançado pelo selo Soundset Recordings.

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Dois eventos marcarão a semana em Cuiabá com apresentações de peso e bastante representativas desse modo de se fazer música. Para Roberto Victorio, esta é a forma de a Universidade cumprir seu papel de vanguarda, onde sempre deveria estar, em todos os setores da produção de conhecimento. Segunda-feira (02) no Departamento de Artes da UFMT, no Instituto de Linguagens, vai acontecer um showcase com peças solo e pequenas formações de câmara. Executadas pelos alunos incluem obras de compositores como Carlos Stasi, Mark Ford, Roberto Victorio e outros.

O professor Zeca Lacerda, juntamente com convidados mais que especiais, a cantora Rose Vic e os professores Roberto Victorio e Oliver Yatsugafu, também participará do evento. Executarão obras de autoria de Roberto Victorio, como Exominiaturas VIII e Transeuntes Transitamos (versão 2014).

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Roberto Victorio – Foto: Ticiano Rocha

O outro evento, que acontece no dia 04 de maio, consistirá em um concerto do Grupo [re]Percute UFMT, formação camerística de percussão composta de alunos e membros da comunidade não-acadêmica. Serão apresentadas obras de compositores brasileiros e estrangeiros. O repertório conterá clássicos do repertório de grupo de câmara de percussão.

Para o primeiro concerto do ano, já estão confirmadas obras como a Toccata do compositor mexicano Carlos Chávez e Living Room Music do compositor norte-americano John Cage, além de obras recentes como Fator Extraterrestre II/ α do compositor cuiabano (e discente da UFMT) Daniel Baier e ToDo, do compositor baiano Alex Pochat. O professor José Fortunato, do Departamento de Artes fará participação mais que especial para a peça de Pochat.

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