Sente-se, acomode-se na cadeira que agora é o momento de transpor todas aquelas barreiras entre corpo e arte. Não ser apenas um espectador, um observador, mas colocar-se em movimento com a poética da imersão de Lawrence Malstaf. Romper o distanciamento entre público e artista.

As cadeiras vibram e mudam seu trajeto conforme os visitantes se aproximam

Ao entrar no salão do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) em São Paulo, uma grande cápsula estava no centro, com uma cadeira, e uma pessoa sentada enquanto o que remetia à uma chuva, uma água que caía incessantemente circulava pelo vidro. A imersão começou.

Mas, fizemos o percurso da exposição. A primeira experiência é com a obra “Mirror”. Você se senta em uma cadeira e aperta um botão. É só você, a cadeira, e um espelho. O espelho te reflete. De repente tudo começa a vibrar. A sua imagem é distorcida. Com a deformação da imagem através da vibração, a ideia é remeter aos quadros do pintor Francis Bacon.

Próxima parada é em “Shrink”. Dessa vez fiquei apenas de espectadora, pois a obra realmente é de tirar o fôlego e não é só figura de linguagem. Duas grandes folhas de plástico transparente e um dispositivo gradualmente suga o ar entre elas, deixando o corpo do performer embalado a vácuo. Depois conversamos com um dos monitores, que disse que para ele, foi a melhor experiência. Era como uma volta ao útero da mãe. “Um grande abraço que te sustenta”, foi a sua definição.

Em “Transporter” duas esteiras te levam e enquanto você está deitado é confrontado com um espelho que sobe e desce sobre o seu corpo. Você se enxerga e enxerga o outro. É um encontro. Quem é você quando se olha no espelho?

Depois de passar por todas as instalações de Lawrence Malstaf, voltamos ao salão do CCBB para entrar na máquina de chuva. Na realidade são pequenas bolinhas de isopor que se movimentam com o ar, dançando na sua frente como se fosse um balé sincronizado.

A exposição faz parte do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (FILE) e o trabalho do artista belga foi escolhido para a primeira mostra realizada exclusivamente no CCBB. É uma arte que situa-se na fronteira das artes visuais com o teatro. “Ele desenvolve instalações e performances que envolvem a física e a tecnologia como ponto de partida e inspiração. Lawrence propõe uma vivência individual do visitante com salas sensoriais e imersivas, tornando o visitante um coautor do trabalho”.

A mostra fica aberta para visitação até o dia 18 de setembro e a entrada é gratuita!

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Marianna Marimon, 30, escritora antes de ser jornalista, arrisco palavras, poemas, sentidos, busco histórias que não me pertencem para escrever aquilo que me toca, sem acreditar em deuses, persigo a utopia de amar acima de todas as dores. Formada em jornalismo (UFMT) e pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura (USP).

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