Mato Grosso não para de surpreender. É impressionante o crescimento musical que vem acontecendo nessa terra, de forma vertical e horizontal, mais que isso, rizomático. Em várias cidades, a quantidade e a qualidade dos músicos que vêem se desenvolvendo por essas bandas de cá, impressionam pela vitalidade e criatividade.

Foto: Pedro Ivo
Foto: Pedro Ivo

Uma das bolas da vez aqui agora é a banda de Cáceres, O Mormaço Severino. Representada aqui por Rauni Villasboas, que compõem músicas e letras, e Jane (Jeine), com uma voz que se aproxima das alturas celestiais. Encantaram o público em todas as ocasiões que pude presenciar de forma muito convincente. Acompanhei a entrevista deles, na Rádio assembléia (FM que vem se destacando na cena pela abertura de espaço para tocar músicas feitas por aqui), fizeram um som no Sarau das Artes Free e no Casarão do Boa, num show onde tocaram Desheróis, Theo Charbel, Caio Mattoso e a banda Caximir.

Fazem um som bem contemporâneo, com uma pegada de rock’n roll, misturado com blues, baião, forró, samba, enfim, como disse o Rauni numa entrevista que logo, logo, você poderá acompanhar aqui na TV de Quintal, o estilo da banda é o não estilo (no style, em bom inglês), mas dá para perceber as referências, de Tim Maia, James Brown, Skank, e outros. A Jeine disse que chegou a cantar na Igreja, e senti nela um potencial especial para o blues.

Conheci o Rauni num festival de cinema que aconteceu em Cáceres e ele se destacou com um vídeo onde fez de tudo, escreveu, atuou e dirigiu e ainda faturou um prêmio de revelação. Achei-o bastante criativo e instigado, curioso e poético, já percebi ali que aquele garoto teria um caminho de arte a percorrer. De lá para cá só evoluiu, diz que ainda não tocava nenhum instrumento na época, o que me surpreendeu, pois está tocando bem legal, mandou muito bem o violão, não por coincidência, nas duas ocasiões, emprestado pelo Caio Mattoso.

Foto: João Fincatto
Foto: João Fincatto

O Mormaço Severino surgiu em 2009, sob a liderança de Ronaldo Gonçalves e Rauni, únicos remanescentes da formação original. Desde o princípio a proposta sempre foi de fazer músicas autorais e experimentações sonoras. Apesar das dificuldades inerentes, uma banda nesses moldes numa cidade como Cáceres come o pão que o Diabo amassa diariamente, mas tem surgido outras bandas pelas bandas de lá, o que contribui para se criar uma proto-cena, onde a soma contribui para formar público e convencer os comparsas locais. Daí se reúnem e tocam em bares, festivais de rock, saraus, quer dizer, tem que criar as condições e os ambientes para que possam se apresentar. Devagar vão seguindo, mas não param.

Estiveram recentemente em Rondonópolis, dezembro de 2015, e faturaram o o primeiro lugar no IV Mato Rock, numa disputa por melhor musica autoral. Rondonópolis é outra cidade de Mato Grosso que tem uma pegada rock bacana, já há um bom tempo essa cena vem sendo fomentada por lá. Este festival que os meninos participaram mostra bem como o pessoal está antenado por lá, no encerramento, rolou uma seleção bem interessante, com uma banda de Rondonópolis (Velhos Jovens) , de Cuiabá (Fuzzly), de Campo Grande-MS (Codinome Winchester) e a atração principal vindo de Natal-RN (Far From Alaska), banda de renome nacional da nova safra musical.

Foto: Pedro Ivo
Foto: Pedro Ivo

O Mormaço Severino foi de Cáceres a Rondonópolis fazendo um autêntico tour and force, fazendo festas promovendo eventos e correndo no comércio da cidade em busca de patrocínio, e conseguiram. Viajaram numa formação com sete músicos. Cáceres é essa cidade de fronteira de resistência, às margens do rio Paraguai, onde deságua o Cuiabá, berço do Pantanal. Cáceres é uma cidade incrível. Vale a pena dar uma conferida.

E agora, taí, surgindo uma cena musical com algumas bandas despontando com potencial explosivo. Na entrevista para a TV de Quintal ele fala dessas bandas.

Por enquanto é isso. Logo logo tem mais.

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