a fachada da igreja me diz que deus é amor, mas eu nao acredito em deuses ou santos, profano aquilo que dizem ser sagrado, para mim o sagrado vive aqui, no meu utero imaculado, no meu seio carregado de dor, nas minhas pernas nao depiladas, na minha pele tatuada, no meu cabelo sujo, em todos os meus poros, a deusa vive em mim, a natureza, prefiro essa crença, daquilo que posso ver e tocar, entendendo que o que é real cabe na palma da mão, preservar o verde das matas antes desse sangue humano devorar tudo com sua cobiça implacavel, wlademir dias-pino me conta na 32 bienal de sp, que tem uma tese sobre o homem vegetal, a inveja que a humanidade sente da natureza justifica esse ímpeto em destruir, dilacerar, matar, assassinar, e me sinto impotente diante desse sistema impessoal, invisivel, invencivel, que nos domina, nos violenta, escravos modernos do capitalismo selvagem, vivemos em selvas de pedra, queimamos florestas para edificar concreto, derrubamos arvores pela carne macia do churrasco, plantamos soja para alimentar nossos corpos e porcos, desvirtuamos o sentido do paraiso, nos desviamos da palavra e do caminho, a biblia nao serve para nada, essa onda fundamentalista de bancadas no congresso que defendem esse deus maldito, esse agronegocio sujo, essas balas que ferem inocentes, somos todos cumplices do nosso pecado original e o motorista se benze a cada estatua de cristo que fica para trás.

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*O desenhista/pintor/ilustrador Hugo Alberto traduziu este texto em imagem. Fica aqui o meu agradecimento pelo complemento essencial ao que está contido nestas linhas. 

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Marianna Marimon, 30, escritora antes de ser jornalista, arrisco palavras, poemas, sentidos, busco histórias que não me pertencem para escrever aquilo que me toca, sem acreditar em deuses, persigo a utopia de amar acima de todas as dores. Formada em jornalismo (UFMT) e pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura (USP).

3 Comentários

  1. um brinde ao crescimento!!!!!!!! urros no mato de pedras soltas evoéeeee, o teatro de palcos insanos e verborrágicas verdades escolhidas, parapeito de malucos sanguinários é a voz do poeta que “grita em plena madrugada o nome da amada”(AntonioSodré as aspas).
    porrada na cara seu texto desafio/desabafo (mais uma porrada)

  2. Ao ouvir da sua própria voz esse texto eu me arrepiei. As palavras foram cruéis com o meu pesar e me trouxeram um certo alívio de saber que não estou sozinho, estou com meus pares, compartilhamos a mesma dor.
    E a imagem não poderia traduzir melhor o sentimento que este texto me concebeu. Obrigado, Mari! <3

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