Na moda, sua interpretação da música “My Baby Just Cares for Me” foi usada em 1976 na propaganda de TV do perfume da Chanel, o Chanel nº 5.

O seu estilo de vestir era condizente com o seu jeito destemido de ser. “Eu te digo o que a liberdade significa para mim: Nenhum medo! Realmente nenhum medo.”

nina_simone_documental_1039

Ela usava turbantes, brincos gigantes, joias, estampas super colors, pulseiras, óculos grandes. E branco, usava muitas roupas brancas para realçar a sua cor negra.

Nina-1969

A moda para ela era uma celebração: “Eu quero ser uma vadia negra rica”.

UNSPECIFIED - CIRCA 1950: Photo of Nina Simone Photo by Tom Copi/Michael Ochs Archives/Getty Images
UNSPECIFIED – CIRCA 1950: Photo of Nina Simone Photo by Tom Copi/Michael Ochs Archives/Getty Images

Pianista clássica, cursou/estudou no conservatório de New York “Juilliard School”. Foi uma das primeiras negras a entrar na renomada Escola da Música de Juilliard, depois de ser rejeitada em outro conservatório na Filadélfia.

Em 1963 sua música “Mississipi Goddam” (Maldito Mississipi), tornou-se um hino da causa negra. A letra fala do assassinato de quatro crianças negras em uma igreja de Birmingham.

carnegie museum of art

Em plena guerra do Vietnã em 1971, Nina Simone cantou um poema em que deus é chamado de assassino, após 18 minutos de “My Sweet Lord” de George Harrison, dando voz aos que eram contrários a esse conflito no evento militar em New Jersey.

what-happened-miss-simone-nina-simone-netflix5

Diz Nina Simone: “Não tive escolha, não há como viver nessa época, nesse país e não se envolver.” (sobre seu engajamento na questão racial norte-americana).

Seu instrumento era sua voz (maravilhosa) e seu piano (poderoso e sutil ao mesmo tempo).

1273776334-nina_simone1

Nina Simone foi uma artista que viveu em conflito com seu tempo. Parecia que tinha uma dívida insana e permanente com o passado, o presente e o futuro. Sobre o título de “musa do jazz” ela dizia: “É o título que todo branco concede piedosamente aos cantores negros”. Talvez por isso ela tenha se aventurado a experimentar de tudo um pouco, como: George Gershwin, Leonard Cohen, Beatles, George Harrison… Em 1990 gravou com Maria Bethânia.

“Eu podia cantar para ajudar meu povo e isso se tornou o principal esteio da minha vida. Nem o piano clássico, nem a música clássica, nem mesmo a música popular, mas a música dos direitos civis.”

nina-simone-06

Este era os Estados Unidos das décadas de 70 e 80, e, Nina Simone acompanhou a ascensão e a queda dos direitos civis, a derrota do black power, a opressão sobre as mulheres negras, a persistência do racismo.

Diz Maya Angelou (escritora e  poeta negra dos EUA) “Nina tinha em si as eternas contradições de uma artista genial”.

Liz Garbus fala em seu documentário “What happened, Miss Simone?”: “Com exceção das três horas que sucederam o nascimento de sua única filha, não há uma só lembrança de Nina Simone que lhe permita uma memória feliz, apaziguada ao menos.”

nina-simone-05.jpgcom a filha

“Nas três primeiras horas após o nascimento de Lisa, eu amei o mundo” (Nina Simone).

E é só.

Lisa Simone Kelly, sua filha diz: “Ela era brilhante, mesmo na velhice ela era brilhante.”

25-nina-simone.w750.h560.2x

O filósofo e escritor Kwame Anthony Appiah afirma: “A arte é crucial porque a imaginação é crucial.” E, continua “antes que possamos transformar o mundo é preciso imaginar diferente do que é, e essa capacidade de entender, por exemplo, a condição psíquica de alguém num determinado tempo, de alguém oprimido num determinado tempo, que pode ser ou não o meu próprio, jamais pode ser vista simplesmente olhando para os lados ou porque elas nos é externa ou porque estamos imersos nesta mesma condição. Mas é preciso pensar sobre ela.”

nina-simone-pauses-in-a-performance-at-bbc-tv-centre-in-1968

Uma característica incrível dela (que eu amo!) era o jeito que provocava/geniosa o seu público, rejeitando, sorrindo, com fúria, com desprezo, cutucando, ficando em silêncio… Talvez, ou mesmo, querendo provocar reações tipo: TRANSCENDAM, SAIAM DOS SEUS LUGARES COMUNS!

nina-simone

Lindamente, intensamente, a emoção dessa mulher cantando, tocando, dançando, interpretando atravessa minha alma me enlevando ao maior dos prazeres (espiritual e visceral) a um nirvana real. nina-simone-1967-photo-david-redfernAVE NINA SIMONE!

Au revoir!

Eunice Kathleen Wayman nasceu em Tryon, Carolina do Norte, EUA, em 21 de fevereiro em 1933, e morreu em Carry-le-Rouet, Provence-Alpes-Côte d’Azur, França em 21 de abril de 2003, aos 70 anos, morreu dormindo. 

Dedico essa matéria a minha amada filha Theodora Charbel, a luz de todas as cores da minha alma.

Mille Feux!

Compartilhe!
Glenda Balbino Ferreira é pianista, publicitária, curso de moda incompleto, empresária dona da camisetaria VISHI e mãe de Theo Charbel, 55 anos.

4 Comentários

  1. bom, o comentário “MEU” aí em cima é de MINHA MÃE, que NÃO SABIA que o comentário, dela, ia com meu nome, hahahah, bom corrigindo o corrigível eu cá digo que essa matéria da Glenda está uma coisa de lamber os beiços, parabéns e “please don’t let me be misunderstood” com essa mulher é uma delícia!!!!!

Deixe um comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here