O lugar onde começou a pintar é o sinônimo de casa, lar, moradia, assim Jhon Douglas define sua relação com Cuiabá.

“Morei quatro anos em Cuiabá. E nesse tempo aconteceram muitas mudanças na minha vida. Foi onde comecei a pintar e onde novas vontades começaram a surgir em mim. Descobrir outras possibilidades e outras formas de viver, me motivaram a me jogar em caminhos novos. Cuiabá foi um ciclo marcante pra mim. É com certeza uma das minhas casas.”

De Vilhena (Rondônia), e agora morando em Lisboa, Jhon começa a perceber com seus olhos e sua vivência, as diferenças entre Brasil e Portugal.

“A diferença sempre foi muito grande. Eu sou de Vilhena, uma cidade no interior de Rondônia e meus olhos sobre a vida são diferentes, a simplicidade é outra, mas eu só tive noção dessa diferença em mim, com esse tempo que vivi aqui em Lisboa. Agora, sobre trabalho, se aqui valorizam mais ou menos, se tem mais espaço ou oportunidades, eu nunca soube dizer nada sobre isso. Tem que se fazer, estar ativo, assim as coisas acontecem, seja aqui ou seja em qualquer outro lugar. O que mais modifica é ver um jeito novo, uma cultura nova, um povo diferente, isso é o que faz mudar minha visão e me acrescenta mais conhecimento sobre mim mesmo, de onde sou e o que é importante pra mim”.

Com esta mudança no ambiente, Jhon inicia novos ciclos chegando até a música.

“Atualmente tenho tocado muita música. Nesses últimos dois anos isso ficou muito forte pra mim. Tenho feito composições próprias e apresentado em concertos pela cidade. Mas junto com isso estou sempre pintando e participando de coisas que envolve o que faço”.

Nestes novos projetos, Jhon insiste que o importante é continuar com a arte. “Recentemente tive o prazer de participar do  MURO_LX 2017, que é um festival de Arte Urbana, onde tive a oportunidade de fazer meu trabalho em grande escala, pintando uma lateral de um edifício, uma experiência maravilhosa. Participo de feiras, toco música em bares e vendo trabalhos meus onde posso. O meu projeto atual é não me render e continuar acreditando no que faço”.

É justamente este ponto de continuar acreditando no que faz que inspirou a sua nova música “Quanto mais eu falo menos eu faço”.

“A música é tudo sobre esses conflitos que temos, ou que pelo menos eu tenho, sobre falar muito e fazer pouco. Acredito que o tempo todo estamos com planos e vontades pessoais de mudar algum hábito ou de concretizar um sonho, uma ideia. Mas vejo que ficamos falando muito e fazendo menos. Hoje a informações sobre as coisas são amplas e temos referências de todos os lados, isso faz as vontades crescerem. Idealizamos projetos, queremos conquistar algo ou queremos viver de uma forma mais saudável, mas na verdade o ”Outdoor” ou a propaganda disso parece ser mais importante. Falar e falar… isso começou a me perturbar muito, vi que eu estava falando muito e mudando pouco. Acho que o fazer, muda tudo. Então escrevi essa música, parece que cantar faz mais sentido para os ouvidos, conversas de bar e queimação de fumo não vão concretizar minhas vontades”.

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Marianna Marimon, 30, escritora antes de ser jornalista, arrisco palavras, poemas, sentidos, busco histórias que não me pertencem para escrever aquilo que me toca, sem acreditar em deuses, persigo a utopia de amar acima de todas as dores. Formada em jornalismo (UFMT) e pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura (USP).

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