Proposição artística: Conversa de Botas e Batidas – Cia. De Teatro Vostraz (Várzea Grande)

Em: 05.12.2016

Por Juliana Capile

Durante um pôr do sol maravilhoso desses do cerrado, em meio a pessoas animadas se exercitando, passeando com a família ou lambendo um sorvete, ao lado de um iglu de isopor preparado para o Natal, a Cia. de Teatro Vostraz  delimitava seu espaço de apresentação no Parque Tia Nair. Já era “os finalmente” do Festival Zé Bolo Flô e o Parque estava particularmente cheio neste horário.

No espaço cênico, uma forte estrutura de ferro conseguia segurar, apesar do vento, a improvisada “rotunda” feita e algodão cru que direcionava a atuação para a frontalidade. Pensei no jogo que o teatro realizado em espaços abertos exige: assumir ou não a arena? Para onde direcionar a atuação? No espetáculo Conversas de Botas e Batidas o grupo optou por manter a configuração semelhante ao palco.

O espetáculo trata da cultura popular brasileira e mostra um rápido e pincelado panorama da diversidade, fazendo um recorte na cultura cabocla, em especial do sudeste e centro-oeste do Brasil, passando também por algumas cidades do nordeste. O som da viola, a batida do cururu, a toada do boi; intercalando música e narração, os atores/narradores levavam o público. A música era conduzida por Ricardo Porto, que acompanhava o coro de Maicon de Paula e André Morais, com direção de Venício Bulhões.

Assistindo ao espetáculo me ocorreu o quanto este tema é vasto, e quanta coisa pode ficar de fora nesse Brasil imenso. Que música pode representar um estado ou região? Qual a manifestação cultural? Quais símbolos? O grupo não se preocupa com essas questões e resolve de forma simples: citando trechos de músicas e histórias, como quem apresenta uma colcha de retalhos.

No rosto dos espectadores, a satisfação de ter reconhecido uma memória de infância, uma saudade esquecida de um lugar distante, ou mesmo a referência presente em sua cultura praticada no seu dia a dia. Na lei do teatro é esse sorriso que mais importa. Cantar, encantar e contar.

O grupo foi fundado em 2011 e possui uma pesquisa diversificada, que vai do palhaço ao teatro contemporâneo, sempre buscando levar o espetáculo até o espectador. Nesta edição do  Festival Zé Bolo Flô  participou com outro espetáculo do repertório do grupo: O Circo.

Texto escrito para o blog Parágrafo Cerrado , a partir da programação da
3ª edição do Festival Zé Bolo Flô, no período de 29/11/2016 a  06 /12/2016.

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