Estou num filme de Spike Lee? Não, estou no centro de São Paulo, no Estúdio Lâmina, espaço multicultural que abriga vários segmentos da arte, que respira, transpira e vive toda sorte de movimentos que acontecem na efervescência contemporânea da cidade.
E dia de festa da favela maravilha. A música alta explode sentidos sinergéticos. Estou cercada de ruidosa multidão que desfila suas cores cintilantes em figurinos criativos. A juventude cheia de beleza expõe sua realidade multicolorida. Penteados exóticos e acessórios brilhantes despertam na minha memória recortes cinematográficos, referências fortes da cultura hip hop, das raízes afro da favela brasileira que inventa e reinventa um jeito próprio de viver.
Um grande bazar ocupa todo o quarto andar do prédio antigo. São muitas opções. Do psicodélico ao punk, um misto quente de gente, como disse Rita Lee, bem antes da favela se derramar em arte pelas ruas da metrópole. Os manos e as manas, paramentados e bonitos, até com uma certa arrogância, como quem tem a certeza do seu grande valor. Carregando na estética visual os signos representativos da sua cultura. A beleza que vem das favelas. Um requintado assemblage de estilos variados que revelam a poesia existente na alma, no gosto pela cor, pela boa música, pela vida plena de sentido, na constante busca por uma identidade e por um espaço onde extravasar a energia criativa.
Com certeza a memória dessa grande festa permanecerá como uma referência importante na trajetória dessa gente linda que sabe seu valor. Vida e arte, onde o descarte vira objeto de adorno e nada se perde, na magia criativa onde tudo se transforma.

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